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O presidente Michel Temer foi resistente a expor o caso da JBS/Friboi no programa do PMDB na televisão

Temer decidiu ir pessoalmente para ver a situação de Roraima, que tem se agravado em razão do aumento da entrada de venezuelanos no Brasil. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Michel Temer assistiu de seu gabinete, no Palácio do Planalto, ao programa do PMDB, ao lado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento), na noite da última terça-feira (28).

Ouviu dos dois auxiliares que havia sido “corajoso” autorizar seu partido a atacar em rede nacional o empresário Joesley Batista, da JBS, e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Inicialmente contrariado, Temer relaxou. Telefonou ao publicitário Elsinho Mouco, responsável pela criação do vídeo, e disse que havia tomado a decisão correta.

Nas últimas semanas, o peemedebista precisou ser convencido pelo ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) de que era necessário voltar ao assunto e se defender da gravação feita por Joesley no Palácio do Jaburu –e que foi utilizada por Janot para embasar as duas denúncias contra Temer.

Caso contrário, argumentou Moreira, o presidente estaria “assumindo a culpa”.

Segundo interpretação do então procurador-geral sobre o áudio da conversa no Jaburu, Temer deu aval para a compra de silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, assim, denunciou o presidente por corrupção, obstrução da Justiça e formação de organização criminosa. A tramitação das denúncias foi barrada pela Câmara e o caso só voltará à pauta em 2019, quando Temer deixar a Presidência.

A ideia inicial de Temer e da equipe de comunicação do Palácio do Planalto era manter a polêmica distante e fazer um programa partidário apenas com dados que indicassem a melhora na economia e a comparação da gestão atual com os governos petistas.

O presidente insistia em não retomar o assunto — e o eventual desgaste — das gravações de Joesley, mas ouviu dos assessores que o áudio era “a causa”, mas “a consequência” ainda estava “na casa e na cabeça das pessoas”.

“Diante de uma perseguição, de uma campanha insistente contra o governo do presidente Temer, o programa do PMDB trouxe fatos para colocar os pingos nos is”, disse Elsinho.

A agência do publicitário, a Pública Comunicação, é responsável pelos programas do PMDB há 14 anos.

Após os debates, Temer autorizou que o vídeo reproduzisse gravações de conversas entre Joesley e os seus advogados.

O programa

Na peça, o PMDB mostra reportagens sobre a alta do dólar e a queda na bolsa em meados de maio – quando a delação da JBS veio a público – para justificar a ideia de que a gravação de um diálogo entre Temer e Joesley, no qual Janot interpretou que houve aval do presidente para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, causou um “estrago grande”, mas logo “esvaziou-se”.

“Além de atentar contra a honra do presidente, a falsa prova provocou uma das maiores crises políticas, paralisando uma agenda positiva e importantíssima para a recuperação econômica”, diz a apresentadora do programa.

Em seguida, o vídeo estampa foto de Joesley e divulga o áudio de uma conversa entre ele e seus advogados. Nela, o empresário diz que Janot “quer ou ser presidente da República, ou ele indicar quem vai ser”.

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