Profundamente decepcionado e incomodado. Assim se definiu o cantor britânico Elton John, 72 anos, ao repercutir as declarações do presidente russo Vladimir Putin, 66 anos, ao jornal “The Financial Times”, de Londres (Inglaterra). O líder de Moscou havia dito que “os valores liberais estão obsoletos e são rejeitados pela maioria dos países ocidentais”.
Considerado um dos reis do pop, o músico também falou em hipocrisia. Isso porque o chefe do Kremlin declarou, recentemente, que deseja a felicidade da população LGBT, ao mesmo tempo em que o seu governo censurou cenas de conteúdo gay de “Rocketman”, cinebiografia de Elton lançada recentemente.
“Eu discordo fortemente da visão, manifestada pelo senhor Putin, de que buscar políticas que abarquem a diversidade sexual e multicultural seja algo obsoleto em nossas sociedades”, afirmou Elton John em um comunicado oficial. Ele assumiu publicamente ser gay em 1988.
Ao ser questionado sobre a manifestação do artista, Putin respondeu durante cúpula do G20 em Osaka, encerrada no sábado: “Tenho muito respeito por ele, que é um músico genial e faz uma música da qual todos gostamos, mas acho que ele está enganado [em relação à abordagem da homossexualidade]”.
O presidente russo também disse que as autoridades de seu país mantêm uma atitude “tranquila e sem preconceitos” em relação à população LGBT, mas que decisões sobre identidade de gênero só podem ser tomadas por adultos: “A legislação russa proíbe a propaganda de homossexualidade entre menores”, finalizou, em relação às cenas cortadas do filme.
Caneca
E por falar na cúpula de Osaka, uma atitude de Vladimir Putin não passou despercebida às lentes e comentários da imprensa internacional que cobria o evento. Ele levou para o jantar oficial do evento a sua própria caneca térmica, dispensando as taças e copos oferecidos aos demais participantes do encontro. O fato suscitou os mais variados rumores.
Imagens de jornais, sites e emissoras de TV mostraram o líder de Moscou usando o objeto para brindar à distância o colega norte-americano, Donald Trump, tendo ao seu lado o anfitrião do evento, o primeiro-ministro nipônico Shinzo Abe. Jornalistas chegaram a levantar a hipótese de que medo de envenenamento. Os humoristas de plantão também não deixaram escapar:
“Se vocês tivessem visto o que eu vi, também teriam trazido a sua própria caneca”, ironizou no Twitter a conta @DarthPutinKGB, mantida por um grupo inglês. Os autores da postagem se referiam aos assassinatos (e tentativas) de ex-agentes e opositores russos com o uso de substâncias letais, supostamente a mando do governo de Moscou.
No entanto, a mesma caneca branca – estampada com o emblema da Federação Russa – já apareceu em imagens anteriores: a situação mais recente ocorreu na semana passada, durante um pronunciamento anual que o chefe do Kremlin realiza na televisão estatal de seu país.
Quem também se manifestou foi o próprio governo da Rússia. “O que acontece é que o presidente Vladimir Puin bebe chá constantemente com essa caneca térmica”, explicou o seu porta-voz, Dmitri Peskov, na tentativa de acabar com a controvérsia.
(Marcello Campos)