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O primeiro-ministro da Austrália reconheceu erros no combate aos incêndios no país

A estimativa é de que mais de um bilhão de animais foram mortos desde o início dos incêndios. (Foto: Reprodução)

Na mira de críticas desde a escalada da crise dos incêndios florestais da Austrália, o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, admitiu neste domingo a possibilidade de instaurar um inquérito para apurar as ações de combate ao fogo. O recuo de Morrison ocorreu na sequência da morte de mais um bombeiro durante o trabalho no estado de Vitória, no Sudeste australiano.

Os incêndios já mataram 28 pessoas e destruíram mais de 2 mil casas, além de devastarem 10 milhões de hectares — o equivalente ao território da Coreia do Sul. A demora na resposta do governo e o impacto das mudanças climáticas no fenômeno têm tornado a crise cada vez mais política.

Só no estado de Nova Gales do Sul havia neste domingo 111 focos de fogo ativos, dos quais 40 sem qualquer controle por parte dos bombeiros.

“Existe, obviamente, a necessidade de uma revisão nacional da resposta (do governo ao fogo)”, disse Morrison ao canal australiano ABC. “Houve episódios nos quais eu poderia ter lidado muito melhor (com a crise).”

Indagado se o caminho seria uma Comissão Real ou um inquérito judicial, o premier evitou especular cenários:

“Acredito que (o inquérito) é necessário e levarei a proposta para o meu gabinete, mas isso precisa ser feito em diálogo com os estados e territórios.”

Ainda segundo Morrison, o inquérito avaliaria a resposta do país à crise, incluindo o destacamento de equipes de emergência a níveis estaduais e locais, o papel de governo e a influência das mudanças climáticas. Embora incêndios florestais sejam comuns no verão, o fenômeno começou muito mais cedo, em setembro, graças a uma grande seca. O fogo se expandiu de maneira rápida e imprevisível.

O final de semana registrou temperaturas mais amenas, o que contribuiu para a atenuar a crise. Ainda assim, uma nuvem de fumaça voltou a cobrir a cidade de Sydney neste domingo. Além disso, as autoridades australianas reforçaram que os incêndios estão longe de um desfecho. A previsão para as próximas semanas é de temperaturas mais altas.

Morrison, acusado de adotar uma política ambiental negacionista, ou seja, que não reconhece a influência humana no aquecimento global, também se disse aberto a reduzir as emissões de gases do efeito estufa. O primeiro-ministro, desde o início dos incêndios, tem se mostrado irredutível na defesa da indústria do carvão e do gás, altamente poluidoras, em nome da economia nacional e rejeitou as críticas.

“Nós queremos reduzir as emissões e fazer o melhor trabalho que pudermos. Quero cumprir a meta com uma política equilibrada, que reconheça aspectos mais amplos da economia da Austrália e os interesses econômicos e sociais do país”, declarou o premier.

Mobilização

Australianos que vivem em regiões não atingidas diretamente pelo fogo tem se mobilizado para ajudar vítimas e até mesmo bombeiros. A internet tem tido papel fundamental na disseminação das iniciativas voluntárias. Desde a escalada da crise, dois sites dedicados a mapear residências abertas a receber pessoas que perderam suas casas foram criados.

Além disso, grupos no Facebook têm se organizado para fornecer água e suprimentos para bombeiros que estão combatendo as chamas. Há até mesmo motoristas de caminhão que se disponibilizaram para o transporte de cargas destinadas às regiões mais afetadas pelos incêndios.

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