Ícone do site Jornal O Sul

O PT anunciou que boicotará a posse de Bolsonaro no Congresso Nacional. PSOL e PCdoB farão o mesmo

Nota assinada por Gleisi Hoffmann (foto) e outros líderes petistas questiona métodos e intenções do futuro governo. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

Líderes do PT , PSOL e PCdoB anunciaram que os seus deputados e senadores não participarão da cerimônia de posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso Nacional, na próxima terça-feira, 1º de janeiro. Outros partidos que já declararam oposição ao futuro governo, como PDT e PSB, informaram que alguns líderes também não devem comparecer à solenidade em que o presidente e o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, assinam no Legislativo o termo de posse.

Em nota, o PT reafirma o reconhecimento do resultado da eleição, mas diz que a disputa foi marcada pela falta de lisura por ter sido, segundo o partido, “descaracterizada pelo golpe do impeachment de Dilma Rouseff, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva [supostamente por sua condenação e prisão no âmbito da Operação Lava-Jato] e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad”, derrotado no segundo turno.

“O resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios”, diz o texto, divulgado nessa sexta-feira e que traz as assinaturas dos líderes do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), e no Senado, Lindbergh Farias (RJ), além da presidente nacional da legenda, senadora Gleisi Hoffmann (PR).

As bancadas do PT no Congresso Nacional afirmaram, ainda, que o futuro governo pretende “destruir a ordem democrática e o Estado de Direito no Brasil, com o aprofundamento de políticas entreguistas e ultraliberais do atual governo, o desmonte das políticas sociais e a revogação já anunciada de históricos direitos trabalhistas”.

Já o PSOL, também por meio de um comunicado, acusa o futuro governo federal de ter como princípios “o ódio, o preconceito, a intolerância e a violência”. No PCdoB, a deputada Jandira Feghali (RJ) confirmou que a bancada não participará da posse do presidente eleito, mas negou que se trate de um “boicote”: “Respeitamos o resultado das urnas, mas trata-se apenas de uma decisão política de não ir”.

Segundo a parlamentar, os parlamentares vão prestigiar governadores eleitos do partido que tomam posse no mesmo dia. A sigla reelegeu o governador do Maranhão, Flávio Dino, e os vices-governadores Luciana Santos (PE) e Antenor Roberto (RN). Na Câmara, elegeu nove deputados, um a menos que o PSOL. Já o PT tem a maior bancada da Casa, com 56 eleitos, seguido pelo PSL, partido de Bolsonaro, com 52 deputados.

Outras siglas

Outras legendas que já se declararam como oposição não articularam um “boicote” à posse, mas seus líderes tampouco devem comparecer. O líder do PDT, André Figueiredo (CE), disse que não vai, mas que “não existe nenhuma deliberação para nenhum deputado da bancada ir”. O presidente da sigla, Carlos Lupi, reconheceu o direito de os partidos não comparecerem, mas disse que um boicote “não tem efeito nenhum a não ser emocional e para marcar posição”.

Presidente do PSB, Carlos Siqueira afirmou que a decisão será de cada correligionário. “Quem desejar participar está livre para fazê-lo. Eu, pessoalmente, não estarei lá e não faço nenhuma reclamação disso, porque acho ótimo até.” Na eleição, o partido também não teve um posicionamento definido. O PSB apoiou o petista Haddad no segundo turno contra Bolsonaro, mas liberou governadores que disputavam eleição para se manterem neutros.

Apesar de posicionamentos distintos na posse, o PCdoB vai formar um bloco de oposição ao governo do presidente eleito na Câmara dos Deputados com PSB e PDT. Derrotado na eleição, o PT deve ficar isolado nas duas Casas.

Sair da versão mobile