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O PT avalia um “plano B” após oficializar a candidatura de Lula na disputa pela presidência da República

A privatização da maior empresa do setor elétrico no Brasil consiste na emissão de ações, o que reduz a participação da União na empresa. (Foto: Reprodução)

O PT oficializou no início da tarde de sábado (04) a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado na Operação Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro e cumprindo prisão em Curitiba desde 7 de abril.

Formalmente, Lula está indicado para ser, pela sexta vez, o candidato do partido à Presidência da República. Poucas horas depois, porém, a cúpula petista passou a discutir, sem a presença do ex-presidente, a possibilidade de deflagrar já o “plano B” na disputa pelo Palácio do Planalto. O nome mais cotado é o do ex-prefeito Fernando Haddad.

Aos participantes do Encontro Nacional do partido – que teve poderes de convenção – a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que advogados devem ouvir Lula em Curitiba, antes de o martelo ser batido. A escolha de Haddad, mesmo como vice, passa imediatamente para o mundo político a mensagem de que o PT desistiu de manter o nome de Lula até o limite da Justiça e decidiu partir para uma alternativa eleitoral concreta.

O partido oficializou a candidatura de Lula três dias após o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luis Fux, ter afirmado que “condenado é inelegível”.

Ao receber a visita de dirigentes petistas na sexta-feira (03), na capital paranaense, Lula pediu que o partido mantivesse o plano de ganhar tempo e só indicar o vice até o dia 14. O ex-presidente, contudo, deu carta branca para que a direção tomasse outra decisão em caso de risco à presença do partido na disputa presidencial. Lula orientou o PT a consultar as reações a três nomes: Haddad, Gleisi e o ex-ministro Jaques Wagner – que declinou da missão.

O PT trabalha ainda com a possibilidade remota de Ciro Gomes (PDT) e Manuela d’Ávila (PCdoB) abrirem mão das candidaturas para assumir o cargo de vice. A aliança com o PCdoB está bem encaminhada, mas o PDT é um sonho distante. Haddad é o preferido, mas ainda enfrenta a resistência de setores do partido em São Paulo e de movimentos sociais. Lula foi aclamado por unanimidade na convenção do PT. Por enquanto, a sigla terá como aliados os nanicos PCO e PROS.

Petrobras

Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava-Jato em Curitiba (PR), o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou que o então presidente Lula (2003-2010), o ex-ministro José Dirceu e o PT dividiam dois terços da propina arrecadada em contratos da empresa Sete Brasil para construção de plataformas para exploração do petróleo do pré-sal.

“O ex-ministro Antonio Palocci não concordou com a divisão de meio a meio da propina e está determinando a divisão em um terço para a ‘casa’ [executivos da Petrobras e da Sete Brasil] e dois terços para o partido”, teria dito a ele o tesoureiro petista João Vaccari Neto. “Esses dois terços para o partido seriam divididos entre Lula, José Dirceu e o partido.”

O ex-executivo, que exerceu o cargo de 2003 a 2012, foi interrogado em ação penal que apura propinas do estaleiro da empresa Jurong. Ele diz ter ouvido de Vaccari (responsável pela arrecadação de propina para o partido na Sete Brasil), que Palocci era o responsável pelo acerto e dava as coordenadas.

No bilionário negócios de plataformas para o pré-sal, a Sete Brasil foi criada em 2010 para intermediar os contratos com estaleiros e atualmente passa por um processo de recuperação judicial. “A propina era institucionalizada e todos os estaleiros pagavam”, afirmou o ex-diretor, multicondenado na Lava-Jato e que teve seus acordos de colaboração premiada rejeitados pelo MPF (Ministério Público Federal). Por esse motivo, ele passou a colaborar diretamente com a Justiça.

Duque admitiu a Sérgio Moro ter recebido cerca de US$ 3,8 milhões em propinas do negócio da Jurong com a Sete Brasil. O dinheiro foi pago em uma conta aberta no banco Cramer, em Milão (Itália).

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