Dirigentes do PT trataram com cautela a recente ofensiva sobre Michel Temer. Avaliam que o momento não é de comemoração, mas de tentar entender “o que está por trás” do novo cerco. Eventual queda do emedebista, creem, ampliaria a crise e a hipertrofia do Judiciário. Coincidência ou não, nota emitida pelo Planalto para rebater a operação Skala sustenta que “querem impedir candidatura” e barrar a livre escolha pelo povo. O trecho se encaixa no discurso Temer, mas também no de Lula.
A avaliação feita por petistas nos bastidores não vai aliviar os ataques a Temer no plenário do Congresso. Parlamentares e quadros da legenda apostam que, se o presidente cair, Rodrigo Maia (DEM-RJ) não conseguirá governar.
Crítico aguerrido do emedebista, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) diz, por exemplo, que obviamente seu partido votará pela aceitação de uma nova denúncia, mas pondera: “Acho que tem muita gente querendo colocar a Cármen Lúcia na Presidência da República”.
Os desdobramentos da operação Skala serão determinantes para o destino de Temer. Se nenhum fato contundente surgir, a tendência da base aliada é tentar acomodar o assunto. Caciques de partidos do centrão já dizem que uma nova denúncia jogaria o País no escuro e, por isso, só deveria ser apreciada após a eleição.
Henrique Meirelles (Fazenda) foi ao Alvorada na sexta (30) falar sobre a nova equipe econômica, mas fez questão de se mostrar solidário a Temer. Seus gestos foram tão enfáticos que impressionaram. Ele precisa que o presidente desista de ser candidato para se tornar o nome do MDB.
O Planalto recebeu informações de que a mobilização virtual para a convocação de protestos a favor e contra Lula, no dia do julgamento de seu habeas corpus pelo Supremo, em 4 de abril, está crescendo nas redes sociais.
Alckmin
Aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) rechaçam a tese de que ele estaria emparedado na disputa presidencial. Dizem que a confusão no cenário levará o povo a buscar segurança e que, com as alianças que já estão garantidas, o tucano contará com 25% do tempo de propaganda eleitoral na TV.
O PSDB contabiliza o apoio do PTB, do PSD e do PPS, apesar de os acordos não terem sido oficialmente fechados. No dia 3, líderes evangélicos farão um ato para a despedida de Alckmin do governo paulista. Agremiações como Assembleia de Deus e Renascer confirmaram presença no encontro.
Partidos se movimentam
O PR, que manteve o controle dos Transportes após se comprometer a dar suporte à candidatura que for abraçada pelo Planalto, continua mandando sinais a Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
Pessoas próximas dizem que o mandachuva do partido, Valdemar Costa Neto, está muito impressionado com o desempenho do presidenciável de extrema direita nas pesquisas.
Aliados do ex-prefeito César Maia (DEM-RJ) começam a dizer que não seria mau negócio ele assumir a vaga de vice em uma chapa ao governo do Rio encabeçada por Eduardo Paes, que vai se filiar ao PP, que acredita que vai ter 50 deputados em sua bancada quando a janela partidária se fechar, dia 7.
Enquanto João Doria (PSDB-SP) ainda espera atrair partidos grandes, como PP e DEM, seu rival na disputa pelo governo de SP, Márcio França (PSB), fez um arrastão entre siglas menores: fechou com 12 delas e soma 20 minutos de propaganda eleitoral.
