Antes que Michael Kearney pudesse andar, ele começou a falar. Desde os 4 meses de idade, quando pronunciou sua primeira palavra, Michael deu sinais de que era um prodígio.
Educado em casa por seus pais, Michael teve um desenvolvimento intelectual vertiginoso: ele concluiu a escola e matriculou-se na Universidade do Sul do Alabama, nos Estados Unidos, em 1992, aos 8 anos.
Em mais dois, formou-se em Antropologia, entrando no livro dos recordes Guinness como o mais jovem de todos os tempos a terminar uma faculdade, um feito que não foi superado até hoje.
Ele seguiu sua trajetória de sucesso acadêmico. No início dos seus 20 anos, já tinha dois mestrados e um doutorado e participou de um programa de trívias e quebra-cabeças na TV que lhe rendeu um prêmio de US$ 1 milhão (R$ 4,1 milhões).
O que aconteceu desde então é bem menos documentado. Até onde é possível averiguar, ele tem hoje 35 anos e leva uma vida discreta em Nashville, no Estado do Tennessee.
Apesar de não haver duas crianças-prodígio iguais, o caso de Michael é um lembrete de que a precocidade infantil não garante necessariamente sucesso e atenção duradouros ao longo da vida adulta.
Laurent, o menino-prodígio belga
Laurent Simons, um garoto belga de 9 anos, dá sinais tão promissores quanto os de Michael. Ele também tem talentos excepcionais que canaliza para atividades acadêmicas.
Se o recorde Michael pode ser quebrado, Laurent parecia ser o garoto capaz disso. Aos 8 anos, ele formou-se na escola junto com jovens dez anos mais velhos. Como Michael antes dele, Laurent tornou-se o centro das atenções da mídia.
O próximo passo seria formar-se em engenharia elétrica na Universidade de Eindhoven, na Holanda. Em novembro, Laurent estava a caminho de concluir o curso de três anos antes de 26 de dezembro, seu 10º aniversário. A marca de Michael, ao que parecia, estava prestes a ser batida por ele.
Mas no início deste mês, a universidade disse que não seria viável que Laurent concluísse o curso antes de completar 10 anos e, em vez disso, ofereceu uma formatura em meados de 2020. Seus pais, Alexander e Lydia, recusaram e imediatamente o retiraram do curso. Em vez disso, ele continuará seus estudos em uma universidade americana, disseram.
Em sua defesa, a universidade disse que, se Laurent apressasse o curso, seu desenvolvimento acadêmico seria prejudicado. A universidade também alertou contra a “pressão excessiva sobre esse aluno de 9 anos de talento sem precedentes”.
Com um novo recorde ou não, o progresso acadêmico de Laurent ainda é excepcional, e ele deve se formar em breve na universidade.
Se há uma grande pressão para fazer isso, Laurent não a demonstra. Em entrevistas, parece autoconfiante e otimista com um futuro repleto de possibilidades. Estudar medicina e produzir órgãos artificiais estão entre seus objetivos.
A transição para a fase adulta
Laurent tem o que Ellen Winner, professora de psicologia no Boston College, nos Estados Unidos, chama de determinação imparável de se destacar em seu domínio de habilidades.
Quando Laurent for adulto, ele pode atingir o limite dessa capacidade, permitindo que outros indivíduos brilhantes da mesma idade o alcancem. Como resultado, diz Winner, os talentos de Laurent quando criança podem vir a parecer menos especiais quando ele crescer.
“Quando os prodígios não fazem a transição para a fase adulta, podem parecer fracassados”, diz Winner, autora de Gifted Children: Myths and Realities (Crianças Superdotadas: Mitos e Realidades, em tradução livre).
O ex-prodígio infantil Gabriel Carroll, hoje com 30 anos, diz que se sente estranho quando outros falaram sobre seu passado ilustre. “Parece que não fiz nada além daquilo desde então”, afirma ele à BBC.
Mas a vida adulta de Gabriel está longe de ser um fracasso. Professor assistente de economia na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Gabriel seguiu uma carreira em um campo relacionado ao seu dom: resolver quebra-cabeças de matemática.
Nos exames feitos por estudantes americanos da sétima série, Gabriel alcançou a pontuação mais alta do Estado da Califórnia, incluindo uma nota máxima em matemática.
No ensino médio, suas habilidades foram postas à prova contra as melhores mentes jovens do mundo na Olimpíada Internacional de Matemática, em que ganhou duas medalhas de ouro, em 1998 e 2001.
