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O que esperar do segundo encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un?

Presidente americano precisa obter compromisso concreto de ditador norte-coreano para conseguir desviar foco de momento doméstico complicado. (Foto: Reprodução)

Foi o próprio presidente Donald Trump quem baixou a expectativa de resultados concretos em seu segundo encontro com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. No domingo, admitiu a um grupo de governadores não ter pressa para obter um acordo para a completa desnuclearização da Península Coreana. O congelamento de testes com mísseis balísticos é, por si só, encarado como vitória pelo presidente americano.

“Enquanto não houver mais testes, estamos felizes”, afirmou.

Mas isso não basta. Tanto Trump quanto Kim sabem que precisam bater novas metas em Hanói e avançar em relação ao encontro de junho passado, em Singapura, depois do qual o presidente confessou ter trocado “lindas cartas” com o ditador norte-coreano. Caso contrário, será curta esta lua-de-mel vigente, em que os dois líderes suspenderam a troca de insultos.

Os EUA querem obter do regime o compromisso, que possa ser comprovado, de desmantelamento de armas de destruição em massa. Basicamente isso significaria o encerramento do Complexo de Yongbyon, a sede de dez institutos de pesquisa nuclear da Coreia do Norte, com três reatores.

Em contrapartida, o regime apresenta a sua lista de demandas: relaxamento das sanções, a retirada das tropas americanas estacionadas na Coreia do Sul e a substituição do armistício, que suspendeu a guerra na Península Coreana, em 1953, por um acordo de paz definitivo.

Esta suposta declaração dando fim à guerra preocupa especialistas. Baseados em promessas anteriores e não cumpridas, feitas pelo regime para abandonar seu programa atômico, temem que os EUA paguem um preço alto e sejam, mais uma vez, ludibriados.

As negociações entre os dois países estancaram na etapa de traçar um cronograma confiável entre os dois lados e definir quem dará a largada no plano de concessões.

Trump viajou 14 mil quilômetros; e Kim, 4 mil, para o encontro de Hanói, que ocorre num momento bastante complicado para o presidente americano. Seu ex-advogado Michael Cohen testemunhará contra ele em audiência na Câmara dos Representantes. Nada melhor, então, do que um tête-à-tête com o líder do regime mais fechado do mundo para desviar o presidente do foco doméstico. Sobretudo se conseguir arrancar dele uma promessa concreta e imprimir a marca de pacificador em seu legado.

O presidente americano dará o exemplo do país anfitrião para convencer o ditador norte-coreano sobre a transformação de sua economia, 44 anos depois do fim da Guerra do Vietnã e da gradual reaproximação com os EUA. Mas, com a metade de sua idade, o ditador é conhecido por não se deixar seduzir tão facilmente.

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