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O que seria do Brasil sem a agricultura?

Setor agropecuário cresceu 13,4%. (Foto: Agência Brasil)

Atividade literalmente sujeita a chuvas e trovoadas, a agricultura desponta em 2017 como muito provável fonte de boas notícias na economia brasileira. O clima deverá ajudar na colheita recorde de 213,1 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 14,2% sobre a safra anterior, bastante prejudicada pela combinação de forte seca e excesso de chuvas, a depender da região, como resultado do fenômeno El Niño (aquecimento do Pacífico), atenuado este ano.

Se tudo der certo, metade do pequeno crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) estimado até agora pelos analistas do mercado – de 0,5% a 0,7% –, para este ano, sairá do campo. Logo nestes primeiros meses, o setor deverá compensar o carregamento estatístico negativo com que a recessão de mais de 3% de 2016 contamina o período.

O PIB do agronegócio, que representa quase um quarto (22%) do PIB nacional, deve crescer 2%, quase três vezes mais, segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil). Só o PIB agropecuário, que tem peso menor na economia, de 5%, deve crescer 4,2% este ano, depois de cair 6% em 2016.

“O agronegócio será o grande destaque positivo em relação aos outros setores da economia em 2017”, afirma Rodolfo Margato, economista do Santander.

Crescimento do PIB.

Estima-se que a agricultura poderá converter a recessão da virada do ano em um crescimento do PIB de 0,5% no primeiro trimestre. Não é pouco.

O desaquecimento da economia chinesa ajudou a derrubar cotações mundiais de produtos primários, mas há esperanças de que este movimento tenha se esgotado. Bom para o Brasil. Assim, será possível melhorar ainda mais a situação da balança comercial, de onde saiu em 2016 um superávit de 47 bilhões de dólares, o mais elevado da série estatística, iniciada em 1989.

Um número positivo, mas que, infelizmente, se deve muito a um fator negativo, a profunda recessão da economia brasileira: dois anos de queda do PIB, antecedidos por uma estagnação em 2014. As exportações no ano passado caíram 3,2% – puxadas pela queda de preços –, mas as compras no exterior, afetadas pela recessão, desabaram 20%. O saudável é acumular superávits com aumento nas vendas e nas compras.

Do detalhamento de números mais recentes da agricultura surge um importante aspecto do setor: os ganhos de produtividade. Os avanços no aprimoramento da forma com que se produz levam a que haja crescimento de rentabilidade, mesmo com as cotações não tão elevadas. (AG)

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