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O Reino Unido exigiu que a Rússia explique o ataque com veneno com mais duas vítimas

Policiais fazem segurança de local onde as pessoas foram contaminadas. (Foto: Reprodução)

O Reino Unido exigiu que a Rússia forneça detalhes sobre o ataque com agente nervoso Novichok contra um ex-agente duplo e sua filha depois que mais dois cidadãos britânicos foram atacados com o mesmo veneno.Os dois britânicos, uma mulher de 44 anos e um homem de 45 anos, estão em estado grave desde que lidaram com o que a polícia disse ser um item contaminado perto do local do ataque de março contra Sergei e Yulia Skripal.

Londres acusou a Rússia de envenenar os Skripal com Novichok, um agente nervoso desenvolvido pelos militares soviéticos durante a Guerra Fria, o primeiro uso ofensivo conhecido de uma arma química em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. A Rússia, que atualmente sedia o Mundial de futebol, negou qualquer envolvimento com o incidente de março e insinuou que os serviços de segurança britânicos realizaram o ataque para atiçar a histeria anti-Moscou.

“Os olhos do mundo estão atualmente na Rússia, e não só por causa do Mundial”, disse o secretário do Interior britânico, Sajid Javid. “Está na hora de o Estado russo se pronunciar e explicar o que aconteceu.”

“É completamente inaceitável para nosso povo ser um alvo deliberado ou acidental, ou nossas ruas, nossos parques e cidades serem locais de desova de veneno”, disse ele ao Parlamento.

O Kremlin disse que a Rússia ofereceu assistência ao Reino Unido na investigação do ataque com agente nervoso e que foi rejeitada. A primeira-ministra britânica, Theresa May, falando ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, durante uma visita a Berlim, disse ser “profundamente perturbador” que mais duas pessoas tenham sido expostas ao Novichok, acrescentando que se solidariza com as pessoas da área.

Inicialmente se acreditou que os dois britânicos que adoeceram no sábado haviam tido uma overdose de heroína ou crack, mas exames do centro de pesquisa militar de Porton Down mostraram que eles foram vítimas do Novichok. O Reino Unido notificou a Opaq (Organização para Proibição das Armas Químicas). Mais tarde a polícia de Londres disse em um comunicado: “… agora sabemos que eles foram expostos ao agente nervoso depois de manipularem um item contaminado”, mas sem dar detalhes.

Autoridades de saúde disseram que o risco para o público é baixo, repetindo seu aviso anterior de que as pessoas devem lavar as roupas e usar lenços higiênicos em itens pessoais – mas a exposição de dois compatriotas despertará o temor de que o Novichok ainda esteja presente em locais próximos da antiga cidade inglesa de Salisbury.

Novichok

O nome novichok significa “novato” em russo, e se aplica a um grupo de substâncias neurotóxicas desenvolvidas pela União Soviética nas décadas de 1970 e 1980. Elas eram conhecidas como uma arma química de quarta geração e foram desenvolvidas sob um programa soviético chamado Foliant.

A existência do novichok foi revelada pelo químico Vil Mirzayanov nos anos 1990, por meio da imprensa russa. Mais tarde ele fugiu para os Estados Unidos, onde publicou a fórmula química no seu livro State Secrets (Segredos de Estado, em tradução livre).

Em 1999, representantes dos EUA viajaram ao Uzbequistão para ajudar a desmontar e descontaminar um dos maiores centros de produção de armas químicas da União Soviética. De acordo com Mirzayanov, os soviéticos usavam esse local para produzir e testar pequenas quantidades de novichok. Essa substância foi criada para driblar a detecção de inspetores internacionais.

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