Ícone do site Jornal O Sul

O Reino Unido impedirá a livre circulação de pessoas após a sua saída da União Europeia

Segundo negociador europeu, acordo é um "grande passo" no processo de saída de Londres do bloco. (Foto: Reprodução)

O governo britânico esclareceu na segunda-feira (31) que as recentes especulações de que a livre circulação de pessoas pela UE (União Europeia) continuará em vigor uma vez que o Reino Unido execute o “Brexit” [a saída da Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales do bloco europeu] “são equivocadas”.

A afirmação de um porta-voz de Downing Street – residência e escritório oficial da primeira-ministra britânica Theresa May – rebateu as declarações feitas na sexta-feira pelo ministro das Finanças, Philip Hammpond, que disse que implementar controles à livre circulação de pessoas após o “Brexit” levaria “algum tempo”.

Estas declarações suscitaram especulações de que o livre trânsito entre a Inglaterra, a Irlanda do Norte, a Escócia, o País de Gales e a UE continuaria permitido durante um período transitório de três anos após a saída do Reino Unido do bloco comunitário, prevista para março de 2019.

Em vista das diferenças de enfoque em relação ao “Brexit” no seio do gabinete de May, o governo britânico esclareceu que “seria errado sugerir que (a livre circulação de pessoas) continuará como está agora”. Nos últimos dias os meios de comunicação locais deram conta da incerteza que rodeia as futuras políticas de imigração no país se for implementada uma fase de transição após o “Brexit”.

O mesmo porta-voz oficial indicou, além disso, que na semana passada foram detalhados os planos do governo para criar um sistema de registro para os migrantes.

No domingo, o ministro de Comércio Internacional, Liam Fox, também disse que o gabinete não fechou nenhum acordo que permitisse a livre circulação de trabalhadores durante três anos após o “Brexit”, tal como tinha insinuado o titular de Finanças, Hammond.

Em uma entrevista ao jornal The Sunday Times, Fox opinou que um acordo dessas características “não manteria a fé” no resultado do referendo de 23 de junho de 2016, que definiu a saída do Reino Unido da UE.

Irlanda

A saída do Reino Unido da União Europeia poderia reduzir a receita fiscal da Irlanda em 200 milhões de euros por ano e impedir a criação de quase 50 mil novos postos de trabalho em uma década, advertiu em um relatório o Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas (ESRI, na sigla em inglês).

A análise deste “think-tank” (instituição dedicada a produzir conhecimento sobre temas específicos) irlandês lembrou que a arrecadação por impostos já caiu neste ano, o que afetará o chamado “espaço fiscal”, ou seja, a despesa pública incluída nos orçamentos gerais que é apresentada em outubro de cada ano pelo Governo de Dublin.

Neste sentido, o ESRI disse que um Brexit “duro”, que implicaria, entre outras questões, na saída do Reino Unido do mercado único e da União Aduaneira da Europa, reduziria o “espaço fiscal” em cerca de 200 milhões de euros anuais após a saída efetiva do bloco em 2019.

A partir desse ano, acrescentou o documento, a economia da República da Irlanda perderia capacidade para gerar empregos e não haveria condições para criar 50 mil novos postos de trabalho até 2029.

Estas cifras “são conservadoras”, precisou este organismo, apontando que os efeitos sobre a Irlanda poderão ser ainda mais graves se a ruptura de Londres com Bruxelas se concretizar nos seus termos mais duros.

O responsável de análise econômica do ESRI, Kieran McQuinn, explicou que as importações, um dos motores da economia nacional, foram reduzidos no ano passado em quase 500 milhões de euros, como consequência da desvalorização da libra esterlina.

A queda da moeda britânica registrada desde o referendo sobre o “Brexit” de 23 de junho de 2016 também provocou uma marcada diminuição do turismo procedente do país vizinho, um dos principais parceiros políticos e econômicos da Irlanda. (ABr)

Sair da versão mobile