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O telescópio Hubble revela detalhes de um aglomerado de estrelas na constelação Carina

Discos que envolvem as estrelas perto do centro do sistema são desprovidos das grandes e densas nuvens de poeira que deveriam existir por ali (Foto: NASA/ESA/The Hubble Heritage T)

Utilizando informações coletadas pelo Telescópio Espacial Hubble nos últimos três anos, astrônomos da Nasa e da ESA descobriram mais informações sobre o aglomerado de estrelas Westerlund 2, situado na constelação Carina, na Via Láctea. Os achados foram compartilhados na última semana no site oficial do Hubble.

A pesquisa descobriu que o disco que envolve as estrelas perto do centro do aglomerado é desprovido das grandes e densas nuvens de poeira que se espera existirem por ali. Segundo os especialistas, isso acontece por causa das estrelas massivas presentes nessa região do espaço.

Isso porque os astros emitem radiação ultravioleta intensa e ventos estelares semelhantes a furacões. Unidos, esses fenômenos agem como um “maçarico” e corroem a matéria que existe por lá, dispersando as nuvens de poeira galática.

“Com uma idade inferior a 2 milhões de anos, o Westerlund 2 abriga algumas das estrelas mais massivas e quentes da Via Láctea”, disse Danny Lennon, um dos pesquisadores, em comunicado. “O ambiente deste aglomerado é, portanto, constantemente bombardeado por fortes ventos estelares e radiação ultravioleta desses gigantes que têm massas de até 100 vezes a do Sol.”

Além disso, os astrônomos descobriram que os planetas têm dificuldade para se formar no Westerlund 2 justamente pelo mesmo motivo — os astros precisam das imensas nuvens de poeira para surgirem. “Basicamente, se você tem estrelas-monstro, a energia delas altera as propriedades dos discos”, explicou Elena Sabbi, que também participou da descoberta. “Um disco ainda pode existir, mas as estrelas alteram a composição da poeira [galática], por isso é mais difícil criar estruturas estáveis ​​que eventualmente levarão aos planetas.”

Das quase 5 mil estrelas observadas em Westerlund 2 com massas entre 0,1 e cinco vezes a do Sol, 1500 mostraram flutuações em sua luminosidade, o que sugere a presença de poeira estelar. Segundo os cientistas, o material em órbita bloqueia temporariamente parte da luz emitida pelos astros, causando flutuações em seu brilho.

Graças às novas análises realizadas com o Hubble, o grupo percebeu essas oscilações apenas nas estrelas situadas a pelo menos quatro anos-luz do centro do aglomerado. “Achamos que eles são planetesimais ou estruturas em formação”, explicou Sabbi. “Essas podem ser as sementes que acabam formando planetas em sistemas mais evoluídos.”

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