O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concluiu a apuração dos votos do primeiro turno das eleições de 2018. Com 100% das urnas contabilizadas, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) recebeu 49.276.897 (46,03%) dos votos válidos, enquanto Fernando Haddad ( PT) obteve 31.341.997 (29,28%). A diferença entre os dois candidatos que vão para o segundo turno foi de 17.934.900 de votos.
Ainda de acordo com o TSE, de 147 milhões eleitores aptos a votar, 117, 3 milhões compareceram às urnas no primeiro turno. A abstenção foi de 20,33%, votos nulos representaram 6,14%, e os votos brancos 2,65%.
Comparados com os números das últimas eleições gerais, a abstenção, votos nulos e em branco (29,12%) apresentam uma tendência de crescimento. As taxas de abstenção e voto nulo neste ano são as mais altas desde 1998.
Haverá segundo turno, no dia 28, nos Estados do Amazonas, Amapá, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio Grande do Norte, Sergipe, Roraima, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo e no Distrito Federal.
Exterior
A última urna apurada foi a da cidade de Houston, nos Estados Unidos. No exterior, aliás, a abstenção chegou a mais de 59% e superou o número daqueles que foram às urnas.
Dentre os eleitores aptos a participar das eleições fora do Brasil, 470 não puderam votar porque as seções eleitorais não chegaram a ser montadas nas localidades onde eles estavam cadastrados. É o caso da cidade de Damasco, na Síria, onde 195 eleitores estavam aptos, mas a votação não foi realizada por questões de segurança.
No total, 202.766 eleitores foram às urnas fora do Brasil. O índice de votos válidos foi de 95,37%, de votos brancos de 2,49% e de votos nulos de 2,14%. Quando levados em conta apenas os votos no exterior, Jair Bolsonaro ficou em primeiro lugar da disputa presidencial, com 113.690 votos (58,79%). Ciro Gomes (PDT) ficou em segundo, com 28.073 votos (14,52%); e Haddad em terceiro, com 19.540 votos (10,10%).
Análise
Segundo analistas, o resultado em âmbito nacional salienta a polarização entre forças anti-PT e anti-Bolsonaro, que deram o tom de toda a campanha eleitoral. Os dois candidatos que avançam ao segundo turno da eleição são também aqueles que detêm os maiores índices de rejeição.
Também marca o derretimento de figuras tradicionais e até então populares da política brasileira, a começar por Marina Silva (Rede). Dona de mais de 22 milhões de votos nas eleições de 2014, a ex-ministra do Meio Ambiente surgia na pré-campanha como principal candidata a desafiar Bolsonaro em um cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não conseguiu cativar o eleitorado com sua proposta de “terceira via”.
Após a confirmação de Fernando Haddad na disputa, o que se viu foi uma ininterrupta desidratação de Marina, que perdeu para candidatos como Cabo Daciolo (Avante) e João Amoêdo (Novo) e corre o risco de ficar sem relevância no cenário nacional.
Geraldo Alckmin (PSDB) também sai menor do que entrou em sua segunda corrida presidencial. O preferido do “centrão” fica abixo dos 5% dos votos, apesar de ter dominado metade do tempo destinado aos candidatos na propaganda eleitoral em rádio e TV.
Parte de seus aliados abandonou a campanha antes mesmo do fim, aderindo ao ascendente Bolsonaro. O posicionamento do PSDB no segundo turno permanece uma incógnita, e analistas cogitam até um “racha” entre caciques do partido, como Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati, e as alas mais jovens.
Amoêdo, por sua vez, colocou o partido Novo, surgido na esteira dos protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, à frente de nomes mais tradicionais, como Marina, ou com campanhas mais caras, como a de Henrique Meirelles (MDB), no primeiro turno das eleições . A legenda ainda pode ter uma oportunidade de mostrar rapidamente como seria no poder, caso vença o segundo turno em Minas Gerais.