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O velho carnê de loja usado nas compras a prazo está voltando com força

Redes como Magalu e Casas Bahia apostam na modalidade para ampliar as vendas no varejo. (Foto: Reprodução)

O velho carnê de loja usado nas compras a prazo, que no passado chegou a responder por mais da metade das vendas de grandes varejistas depois do fim da hiperinflação, está voltando com força entre empresas tradicionais do comércio. Agora, porém, aperfeiçoado e com uso de ferramentas digitais.

A intenção das redes de varejo é recuperar a fatia das vendas perdida para os cartões de crédito, depois do boom que houve, sobretudo entre os anos 2015 e 2020, turbinado pela explosão das fintechs.

Com a taxa básica de juros em 15% ao ano, o maior nível em duas décadas e sem perspectivas de que recue significativamente no curto prazo, muitos brasileiros estão com todo o limite de crédito do cartão comprometido. Com isso, não têm opção para fazer novas compras financiadas.

Isso limita o crescimento do faturamento do comércio com itens de maior valor, geralmente comprados a prazo, como eletroeletrônicos, computadores, celulares e móveis, entre outros.

A elevada inadimplência, em trajetória de alta desde o fim da pandemia e que encerrou outubro em 6,7% dos saldos dos empréstimos com recursos livres, segundo dados do Banco Central (BC), também tem impedido que os bancos sejam mais flexíveis na aprovação de financiamentos.

Sem crédito

Pesquisas da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que em novembro havia 72,96 milhões de consumidores negativados, o que representa 43,74% da população adulta do País, um recorde histórico.

Assim, varejistas como Casas Bahia, Mercado Móveis, Magazine Luiza e Lojas Torra, perceberam que há uma parcela da população, especialmente de baixa renda, desatendida no crédito tradicional. E constataram que, se o carnê for oferecido pela loja, existe potencial para esses brasileiros voltarem a comprar.

Além de proporcionar uma venda adicional ao comércio, o “carnêzinho”, bancado com os recursos do varejista sem a interferência de bancos – que são mais restritivos na aprovação do crédito –, pode gerar uma receita financeira extra ao comércio por conta dos juros cobrados.

Na Casas Bahia, uma das gigantes do comércio de bens duráveis, por exemplo, a fatia do crediário próprio nas vendas das lojas físicas, que era de 10% em 2020, triplicou. Hoje, está em torno de 30%. No final dos anos 1990, depois da estabilização da moeda, o carnê chegou a responder por 70% do faturamento da rede e, posteriormente, foi terceirizado para bancos.

“O crediário é um instrumento extremamente rentável para a companhia”, diz Vital Leite, diretor de soluções financeiras da Casas Bahia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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