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O zika vírus pode prejudicar o feto em qualquer fase da gravidez

De 42 mulheres acompanhadas, 29% esperavam bebês com alterações no sistema nervoso central. (Foto: Milton Michida/AE)

A infecção por zika vírus pode prejudicar o feto em qualquer fase da gravidez, não apenas se a mãe adoecer nas primeiras semanas de gestação, como se imaginava inicialmente. É o que mostrou uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz e da Universidade da Califórnia (EUA), publicada no site da revista científica The New England Journal of Medicine. De 42 mulheres acompanhadas, 29% esperavam bebês com alterações no sistema nervoso central.

Os filhos de mulheres contaminadas entre a 5 e a 38 semanas de gravidez apresentaram más-formações, como microcefalia, calcificações cerebrais, restrição de crescimento intrauterino, ausência de hemisférios cerebrais. A infecção pelo vírus também afetou a função placentária e houve casos de grávidas com pouco líquido e até mesmo com ausência de líquido amniótico. Dois fetos morreram; suas mães haviam adoecido na 25 e na 32 semanas de gestação.

O estudo, iniciado em setembro do ano passado, antes mesmo de o Ministério da Saúde decretar emergência em saúde pública, acompanhou 88 mulheres com sintomas de zika, como manchas vermelhas no corpo, conjuntivite, dor de cabeça e dores nas articulações. Os exames deram positivo para zika em 72 mulheres (82%): 42 aceitaram ser acompanhadas e passaram por ultrassonografia; as demais alegaram que o local para os exames era distante de casa ou se negaram a fazer os testes por temer os resultados. As 16 que tiveram teste para zika negativo também passaram por ultrassonografias.

Todas eram saudáveis, e não apresentavam nenhum outro fator de risco além de terem contraído zika – possíveis causas de microcefalia, como sífilis, citomegalovírus e rubéola haviam sido afastadas nos exames. Um dado chamou a atenção dos pesquisadores e foi registrado no trabalho: 88% das grávidas já haviam tido dengue, confirmado por exames de sangue. As mulheres relataram ainda que outros parentes haviam contraído zika – 21% delas disseram que seus companheiros adoeceram.

Das 42 mulheres acompanhadas, 12 esperavam bebês com más-formações. As ultrassonografias mostraram que cinco deles tinham restrição de crescimento intrauterino (com ou sem microcefalia); quatro apresentavam calcificações cerebrais, dois tinham outras lesões do sistema nervoso central; quantidade insuficiente de líquido amniótico foi percebida em sete crianças. Quatro fetos tinham fluxo anormal nas artérias cerebrais ou umbilicais.

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