O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) tenta intimidar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir dos Estados Unidos, em uma atuação que ele considera parte de uma ofensiva articulada contra as instituições democráticas brasileiras.
“Tudo que o Eduardo Bolsonaro faz fora do país tem um objetivo: intimidar os ministros do Supremo, atrapalhar um julgamento que já está em curso”, disse Lindbergh Farias durante entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews.
As declarações do petista ocorreram no contexto da decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR), que no dia 26 de maio solicitou a abertura de um inquérito para investigar a atuação do parlamentar nos Estados Unidos. O pedido foi aceito pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Lindbergh, que está entre os parlamentares que denunciaram a conduta do deputado, prestou depoimento à Polícia Federal nessa segunda-feira (2), como parte do processo investigativo.
De acordo com o líder petista, Eduardo teria cometido ao menos quatro crimes: atentado à soberania nacional, coação no curso do processo, obstrução de Justiça e atentado ao Estado Democrático de Direito. Ele comparou as ações do deputado às que ocorreram durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
“Na nossa avaliação, a conduta de Eduardo Bolsonaro ainda é a mesma [da trama golpista]. Qual é a diferença do que Eduardo Bolsonaro faz, de um daqueles golpistas que depredou o Supremo? É uma depredação simbólica do Supremo. Uma articulação internacional para sancionar ministros do Supremo, Procurador-Geral, delegados da Polícia Federal. É isso que está sendo feito aqui”, afirmou Lindbergh, ao defender a gravidade do caso.
Segundo ele, o objetivo do depoimento à PF foi demonstrar uma relação de causa e efeito entre a conduta de Eduardo Bolsonaro e a trama golpista que está em apuração pelo STF. O parlamentar destacou ainda que o filho do ex-presidente pediu licença do mandato em fevereiro para viver nos Estados Unidos, de onde vem atuando politicamente.
Outro episódio que chamou atenção foi o envio de um documento do governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, ao governo brasileiro, questionando a atuação do ministro Alexandre de Moraes. O gesto é visto como incomum nos meios diplomáticos, mas, nos bastidores, já se comenta que isso pode representar um “novo normal” da administração republicana norte-americana.
Diante disso, o presidente Lula também criticou o episódio. “Que história é essa de os Estados Unidos querer negar alguma coisa, e criticar a Justiça brasileira. Eu nunca critiquei a Justiça deles. Ele faz tanta barbaridade, eu nunca critiquei. Faz tanta guerra, mata tanta gente. Por que que eles vão querer criticar o Brasil”, declarou o presidente.