Documentos entregues por delatores da Odebrecht mostram que a empreiteira simulou a compra de equipamentos de academia para maquiar um depósito de 800 mil euros, via caixa 2, para a campanha à reeleição do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Segundo depoimentos de ex-dirigentes da construtora, o dinheiro fazia parte do pacote de R$ 20 milhões repassado em 2014, a pedido do ex-governador Sérgio Cabral.
Ex-diretor da Odebrecht no Rio, Leandro Azevedo disse que o combinado com Cabral era fazer os pagamentos para Renato Pereira, dono da agência de publicidade Prole, que fazia a campanha do então candidato Pezão. Na nota fiscal emitida para maquiar o pagamento não contabilizado foram especificados os aparelhos de ginástica que, supostamente, teriam sido comprados pela Odebrecht. Foram listados equipamentos de musculação, além de esteiras e bicicletas ergométricas.
O valor total da nota emitida pela empresa Sports & Tracks, de Hong Kong, é de 800 mil euros (equivalentes a R$ 2,7 milhões). Apenas os equipamentos de musculação somaram 422,8 mil euros na nota falsa (correspondentes a R$ 1,4 milhão).
Um dos 78 executivos e ex-dirigentes da empreiteira que fecharam acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior contou que o dinheiro da suposta compra de equipamentos de ginástica saiu de uma off-shore da empreiteira no exterior para a conta de operadores da empresa no Meinl Bank, de Antígua, no Caribe.
Posteriormente, esses operadores – identificados em um e-mail como Gigo e Giginho – transferiram os valores para a conta da Sports & Track. Benedicto Júnior disse aos procuradores que o dono da Sports & Track seria o marqueteiro Renato Pereira, que comandou a campanha de Pezão em 2014. (AG)
