Passada a excitação com a vitória contra Lula na Câmara com a aprovação do projeto antifacção, a oposição desconfia da repentina valentia de Hugo Motta (Rep-PB) na tramitação do texto. Isso porque o presidente da Câmara, avaliam ao menos três líderes na Casa, expôs o relator Guilherme Derrite (PP-SP) ao desgaste por não ser firme no início da tramitação. Na planilha da oposição, os votos no placar final estavam na conta desde a última semana, mas Motta hesitou e não votou.
Olho em 2026
Derrite pode alçar voos mais altos, como suceder ao governador Tarcísio de Freitas (Rep) ou o Senado, vagas que têm interesse de petistas.
Sabe o que faz
O governo tentou emplacar no projeto de Derrite, que é militar, a conversa mole de que enfraqueceria a Polícia Federal (PF). Não colou.
Destaque barrado
Também sobraram reclamações após Motta não aceitar investidas da oposição que tentou equiparar facções criminosas e milícias a terroristas.
Gregos e troianos
Do lado governista, não se esquece a escolha do relator. Tampouco perdoam não ter adiado a votação, pedido feito duas vezes no plenário.
Governo Lula tenta protelar Antifacção no Senado
Com sua dificuldade de enfrentar criminosos, porque a esquerda vitimiza bandidos, o governo Lula (PT) tenta atrasar, no Senado, o projeto de lei Antifacção, aprovado na Câmara de goleada: 370×110 votos. A escolha do relator Alessandro Vieira (MDB-SE) atende o Planalto. Foi dele a relatoria da “PEC da Blindagem”; que enterrou a reação dos deputados às invasões do Supremo Tribunal Federal. Aprovada na Câmara, a proposta foi rapidamente engavetada no Senado, para alegria do PT.
Chapéus
Alessandro Vieira também foi designado relator da recém-criada CPI do Crime, no Senado. O presidente da CPI é Fabiano Contarato (PT-ES).
Homem de confiança
Vieira relata a MP de Lula da “Agência de Proteção de Dados”; 200 cargos e nova carreira de fiscalizador. O PT preside a comissão.
Senador volúvel
Alessandro iniciou a carreira política no partido Rede, em 2016, passou pelo Cidadania e PSDB, e está no MDB desde 2023.
Mofando na gaveta
Completam 226 dias nesta sexta-feira (20) que mofa na gaveta do presidente da Câmara Hugo Motta (Rep-PB) o pedido de cassação de Glauber Braga (Psol-RJ) que chutou um cidadão para fora do Congresso.
Um especialista
Será terça-feira (25) a votação na Câmara do DF da indicação de Nelson de Souza para presidir o BRB. Ele tem um baita currículo, que inclui a presidência da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste.
Cemitério de leis
Após a Câmara aprovar a lei Antifacção pela goleada de 370×110 votos, voltou a circular a advertência e o ceticismo do deputado Aluísio Mendes (Rep-MA), presidente da comissão da PEC da Segurança, no podcast Diário do Poder: “O Senado é o cemitério de leis contra o crime”.
Nem pensar
Até para abafar o fiasco da COP-30, Lula subiu no palanque contra o chanceler Friedrich Merz, feliz por ter voltado para casa. Mas não devolveu os €15 milhões que o alemão deixou para o fundo indígena.
Pinóquio
Além dos habeas corpus, Sérgio Moro (União-PR) se revoltou com o desafio extra imposto à oposição na CPMI que apura o roubo no INSS: “ainda temos que enfrentar a montanha de mentiras dos governistas”.
Foi isso
Filmado trocando sopapos, mais levando do que dando, nas ruas de Curitiba, o deputado petista Renato Freitas justificou a baixaria. Disse a lorota de que foi “vítima de uma agressão racista” e aí reagiu.
Vai ficar assim?
Viraliza nas redes sociais vídeo de policial legislativo, que pouco resolve (é a PM que restabelece a ordem, quando o caldo engrossa), esmurrando a cara de um homem que tentou falar com um deputado.
Tamanho do rombo
O Ministério da Previdência estima ao menos 18 fundos de pensão municipais e estaduais com aplicações no Banco Master. Contas iniciais apontam para cerca de R$1,8 bilhão, mas pode subir.
Pensando bem…
…ainda falta o governo Lula tentar cantar “Imagine” contra as facções.
PODER SEM PUDOR
A mala de Aristóteles
O saudoso jurista Aristoteles Atheniense era vice-presidente nacional da OAB quando quase viu sua mala explodida, certa vez, na Câmara dos Deputados, onde participou de debate sobre nepotismo. Ele falava a jornalistas e se deu conta de que perdera a mala, encontrada perto de uma lixeira. Dominados pelo clima de tensão que cercava as CPIs da época – e as malas de Brasília –, servidores haviam acionado os seguranças do Congresso, suspeitando de bombas. Por um triz, Aristoteles não viu sua maleta ser explodida com celulares, óculos e até sua inseparável máquina fotográfica. (Cláudio Humberto, com Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos – @diariodopoder)
