Os líderes dos partidos de oposição ao governo na Câmara dos Deputados tentarão nesta semana convencer o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a manter o cronograma acertado previamente com o grupo para colocar o impeachment em pauta entre esta terça-feira e quarta-feira. Embora ainda acreditem que ele acate a petição feita pelos juristas Helio Bicudo e Miguel Reale Júnior, considerada a peça mais consistente, a oposição já tem pronto um recurso para ser apresentado se Cunha indeferir o pedido.
Regimentalmente, o presidente da Casa é obrigado a submeter o recurso a plenário. Para que ele seja aprovado, basta maioria simples. O bloco oposicionista, que dava suporte político ao parlamentar, defendeu seu afastamento da chefia da Câmara a partir da revelação de detalhes sobre contas que ele supostamente abriu e operou no exterior.
Os deputados dirão a Cunha que a divulgação de documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça ao Brasil, que comprovam que um negócio de 34,5 milhões de dólares fechado pela Petrobras em 2011, no Benin, na África, serviu para irrigar as quatro contas no país europeu que têm ele como beneficiário tornou insuportável a pressão por um gesto público de distanciamento.
Os tucanos irão argumentar que, uma vez licenciado, o peemedebista passaria a ser “um deputado como outro qualquer”. Ou seja: passaria a estar em situação idêntica aos demais deputados que são alvo de inquéritos policias no STF (Supremo Tribunal Federal) e, mesmo que a Corte aceite a denúncia, ele estaria na mesma situação que outros parlamentares.
Em outra frente, os deputados de oposição já começam a discutir reservadamente opções de nomes para substituir Cunha na presidência da Câmara. O perfil ideal é o de um peemedebista afinado com a oposição, mas que tenha bom trânsito entre o alto e baixo clero. O nome mais lembrado é do deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos. Apesar da predileção da oposição por ele, Leonardo Picciani (RJ) é o nome mais cotado no Planalto para assumir a chefia da Casa.
“Quanto mais tempo demorar [para Cunha deixar a Presidência], pior será. Quanto mais rápido vier a solução, melhor para o País. Se tivesse na presidência da Câmara um deputado sem nenhum problema maior seria mais fácil. A situação de Cunha é um elemento de turbulência no andamento do pedido de impeachment”, disse o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB. (AE)
