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Oposição venezuelana realiza plebiscito contra o presidente Nicolás Maduro

Presidente diz que o plebiscito é ilegal. (Foto: AFP)

A oposição da Venezuela realiza neste domingo (16) um plebiscito simbólico contra o projeto para reformar a Constituição do país, proposto pelo presidente Nicolás Maduro. A consulta foi validada pelo Parlamento venezuelano, mas não conta com o reconhecimento do Poder Eleitoral. O plebiscito foi classificado de ilegal pelo governo.

A oposição espera que o comparecimento seja maciço para exigir que Maduro convoque eleições presidenciais antes do fim do seu mandato. Para os opositores, a consulta, que não tem caráter vinculante, “mostrará ao mundo” que a maioria se opõe à iniciativa de Maduro de convocar uma assembleia constituinte. Os eleitores respondem a três perguntas: se rejeitam a assembleia constituinte, se eles querem que as Forças Armadas defendam a Constituição existente e se querem a realização de eleições antes do fim do mandato de Maduro.

As cerca de 2 mil urnas foram abertas às 7h (horário local). Em entrevista coletiva no sábado (15), o deputado Juan Andrés Mejía confirmou que as atas de votação serão destruídas para resguardar a identidade dos participantes e evitar represálias do governo. Analistas calculam que o comparecimento às urnas será em torno de 10 milhões de pessoas. Nas eleições parlamentares de 2015, 7,7 milhões de pessoas votaram na oposição e permitiram que ela rompesse a supremacia chavista no Congresso.

Maduro considera o plebiscito ilegal e defende que apenas o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) pode realizar processos desse tipo. Em paralelo, o CNE faz neste domingo uma simulação da votação da Constituinte. Seus 545 membros serão eleitos em 30 de julho. A oposição considera a consulta uma “provocação”.

Baixando o tom em relação aos últimos dias, Maduro pediu que os dois eventos aconteçam “pacificamente, com respeito às ideias do outro, sem qualquer incidente”. “Paz é o que eu peço”, insistiu, durante um ato transmitido por rádio e televisão. Ele considerou, porém, que a chegada de “mais de 500 veículos internacionais à Venezuela” para cobrir o plebiscito faz parte de um “show midiático” para justificar uma intervenção estrangeira contra ele e derrubá-lo.

Na sexta-feira (14), o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Antonio Guterres, pediu ao governo e à oposição que dialoguem para erradicar a violência e acertar um “caminho constitucional”. Já o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, convidou os venezuelanos a participarem da “consulta popular para deter o colapso definitivo da institucionalidade do país”.

Maduro se diz vítima de uma tentativa de golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos e de uma guerra econômica que leva à escassez de bens básicos e a uma voraz inflação. Ele enfrenta uma onda de protestos que já deixou pelo menos 95 mortos neste ano.

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