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Ops! Sigla nova na praça

(Foto: Reprodução)

A Organização Mundial da Saúde bateu o martelo. Batizou o mal provocado pelo novo coronavírus. É Covid-19 — co de corona, vi de vírus e d de doença. O número que acompanha o nome dá um recado. O estrago que está na praça se manifestou em 2019. Virão outros provocados pela família corona, que tem um montão de membros. Quando aparecerem, indicarão o ano do surgimento. Valha-nos, Deus! Xô!

Grafia

As siglas não dão folga. Você abre o jornal, lá estão elas. Liga a tevê, não dá outra. Conversa com os amigos, as danadinhas aparecem. É ONU pra cá, PT pra lá, PM, UTI, Detran, Covid-19 pracolá. Até as pessoas se transformam em letrinhas. É o caso de FHC, redução de Fernando Henrique Cardoso.

Como lidar com criaturas tão especiais? Dois cuidados se impõem. Um: a grafia. O outro: a flexão.

1. Use todas as letras maiúsculas se a sigla tiver até três letras ou se as letras forem pronunciadas uma a uma. Fora isso, só a primeira é grandona: PM, UTI, ONU, INSS, BNDES, Detran, Opep, Otan. E, claro, Covid-19.

2. O plural não é obrigatório, mas goza de enorme preferência. Pra chegar lá, basta acrescentar um essezinho no fim da sigla: PMs, UTIs, Detrans, Covids.

Olho vivo

Nada de apóstrofo. Em português, o apóstrofo só se emprega pra indicar a supressão de letras: mãe-d´água.

Troca-troca

Dança das cadeiras no Planalto. Bolsonaro promove troca-troca de ministros. Rogério Marinho deixa a Previdência. Assume o Desenvolvimento Regional. Gustavo Canuto deixa o Desenvolvimento Regional. Assume a Dataprev. Onix Lorenzoni deixa a Casa civil. Assume a Cidadania. Osmar Terra deixa o Cidadania. Fica no ora veja. Faz companhia aos 12 milhões de desempregados desta alegre Pindorama.

No muda-muda, pinta a questão. Qual o plural da duplinha formada por palavras repetidas? Só o segundo elemento se flexiona. Assim: troca-trocas, tico-ticos, reco-recos, quero-queros, quebra-quebras, muda-mudas.

Você sabia?

Revezar pertence à família de vez. Por isso se escreve com z.

Auê na Câmara

Bate-boca na Câmara. Sérgio Moro foi à comissão especial que trata da prisão em segunda instância. O deputado Glauber Braga pediu a palavra. Chamou o ministro de “capanga da família Bolsonaro”. O presidente Marcelo Ramos interveio. Disse que não admitia o uso do adjetivo capanga no recinto. Ops! Pior a emenda que o soneto. Capanga é substantivo.

Novo capítulo

A discussão correu solta. Os deputados se dividiram em dois grupos. Um atacava. O outro defendia. Agressões faziam a festa. Em meio a tanto tumulto, abriu-se espaço para uma diquinha de português. Bate-boca joga no time de arranha-céu, guarda-roupa, beija-flor, vira-lata. Só o segundo membro da composição se flexiona: bate-bocas, arranha-céus, guarda-roupas, beija-flores, vira-latas.

Lição de ambiguidade

Aparício Torelli ficou conhecido como Barão de Itararé. Bem-humorado, soltava piadas a torto e a direito. Para ele, não havia situação séria. Toda hora era hora pra provocar risos.

Um dia, estava fazendo a prova oral. Disputava uma vaga na faculdade de medicina. O examinador, sério, perguntou:

— Quantos rins nós temos?

— Quatro, respondeu Aparício sem pestanejar.

O professor perdeu a fala. Gargalhadas explodiram cá, lá, acolá. Sério, Aparício explicou:

— Dois meus e dois seus.

O mestre não deixou por menos. Querendo fazer graça, pediu à copeira:

— Um feixe de capim…

Aparício foi mais rápido:

— Pra mim um cafezinho.

Leitor pergunta

Hoje escrevi a palavra excrecência. Vacilei. Seria excrescência de crescer ou algo como decência que não vem de descer? Pode ajudar? — Aureo Figueiredo, lugar incerto.

O dicionário registra excrescência. Que quer dizer saliência, proeminência. A família conta com o verbo excrescer. Significa crescer muito, inchar, formar excrescência.

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