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Ordem de Trump para assumir a segurança de Washington é “alarmante e sem precedentes”, diz a prefeita, que afirma não estar surpresa

A prefeita Muriel Bowser tem poderes de governadora sobre o Distrito de Columbia. (Foto: Reprodução)

A intervenção federal anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na segurança da capital do país, Washington D.C., é “alarmante e sem precedentes”, segundo a prefeita, Muriel Bowser. Do Partido Democrata, Muriel conversou com repórteres nessa segunda-feira (11), horas após o anúncio da intervenção por Trump, sob a justificativa de combater a violência na capital e buscar retirar os sem-teto e os criminosos da cidade.

“Não posso dizer que, dada a retórica do passado, estamos totalmente surpresos”, disse Bowser, sobre Trump. “Posso dizer aos moradores de D.C. que continuaremos a administrar nosso governo de uma forma que os deixe orgulhosos.”

A prefeita, que tem poderes de governadora sobre o Distrito de Columbia (DC, equivalente ao Distrito Federal no Brasil), disse que entrou em contato com a procuradora-geral, a trumpista Pam Bondi, para discutir os termos da transferência de responsabilidade da segurança.

Trump afirmou que há uma “trágica emergência de segurança” na capital dos EUA, “com o crime fora de controle”, e para isso disse que enviará cerca de 800 tropas da Guarda Nacional e controlará a polícia da cidade. Inicialmente a intervenção federal na capital deverá durar 30 dias, segundo o jornal americano “The New York Times”.

“Washington D.C. deveria ser um dos lugares mais seguros e bonitos do mundo, mas há alguns anos não é mais. A esquerda radical saiu do controle, porque os democratas não querem segurança”, afirmou Trump em coletiva na Casa Branca.

A Guarda Nacional é uma força híbrida vinculada ao Exército dos EUA, com função estadual e federal. Normalmente opera sob comando dos estados, com financiamento dos governos locais. Às vezes, os soldados são enviados para missões federais, ainda sob comando estadual, mas com recursos federais.

Para justificar a intervenção, o presidente afirmou que a taxa de homicídios em Washington D.C. é maior do que em alguns dos piores lugares do mundo.

No entanto, apesar de a cidade ter problemas de violência armada e criminalidade, o crime em geral está em queda na capital e atingiu em 2024 o menor nível dos últimos 30 anos, segundo dados de segurança pública dos EUA. Já o crime violento, que Trump citou diversas vezes, caiu 26% entre 2023 e 2024, segundo o Departamento de Polícia local.

Washington D.C. fica no distrito de Colúmbia, região administrativa dos EUA que funciona sob regime especial. A prefeita de Colúmbia, Muriel Bowser, uma democrata, nega a emergência citada por Trump, reiterando que a criminalidade no distrito caiu desde 2023. Bowser é a principal autoridade executiva da cidade e exerce funções equivalentes às de governadora.

A medida de Trump ocorre após Trump expressar, desde que retornou à Casa Branca em janeiro, o desejo de colocar Washington D.C. sob controle federal. A intervenção federal é interpretada pelos jornais dos EUA como “uma medida extraordinária de uso do poder federal” que pode expor os moradores da capital.

O procurador-geral de Colúmbia, Brian Schwalb, autoridade máxima da Justiça no distrito, chamou a intervenção federal de Trump de “sem precedentes, desnecessária e ilegal”, e disse que o distrito buscará todas as alternativas legais contra a medida.

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