A complexidade da política no Oriente Médio fica clara com um simples olhar na história recente. Existem hoje cinco guerras civis em andamento, em vários estágios de fervura – Iêmen, Síria, Iraque, Afeganistão e Líbia.
Há Estados falidos – como a Somália repleta de piratas e seus clãs em eterno combate – e semifalidos – como o Líbano, com a forte presença da milícia Hezbollah minando a autoridade estatal. E também há grupos terroristas espalhados por toda a parte, como a clássica Al Qaeda, do finado Osama bin Laden, e suas franquias.
Compreender quem é aliado de quem em cada conflito é algo bizantino; afinal, o inimigo do meu inimigo pode ser meu amigo.
Egito e Arábia Saudita colaboram hoje bombardeando rebeldes da milícia islâmica houthi no Iêmen, país ao sul da península arábica. Mas, no distante 1962, Egito e Arábia Saudita apoiavam lados diferentes em outro conflito no mesmo local.
A importância do Iêmen, principalmente do seu principal porto, Áden, ficou clara quando foi inaugurado o canal de Suez em 1869, e isso vale ainda hoje.
O Bab-el-Mandeb é o estreito que separa o Iêmen da África. O controle do estreito por quem tem a posse de Áden afeta diretamente os navios que saem de Suez na direção dos países produtores de petróleo do Oriente Médio. Egito, Arábia Saudita e mesmo os EUA não gostam da ideia de ter o estreito em mãos de xiitas pró-Irã, ou de terroristas.
Pós-Primavera Árabe
Meros quatro anos se passaram da chamada Primavera Árabe, que poderia instaurar democracias na região. Só a Tunísia está perto disso; o Egito voltou a ter um governo militar autoritário, e a Líbia está dividida em dois, um Oeste mais islamista e um Leste mais moderado.
Catar e Turquia apoiam a “Líbia do Oeste”; Egito e Emirados Árabes Unidos apoiam a porção Leste. Catar e Emirados estão juntos, contudo, ao apoiar a intervenção saudita contra os rebeldes do Iêmen. (Folhapress)
