Um dia depois de acusar as autoridades americanas de agirem como “gângsters” em relação à China, o governo chinês afirmou nesta sexta-feira (17) que elas “perderam a cabeça e enlouqueceram”. Os dois países vêm trocando acusações e ameaças de sanções à medida que se aproximam as eleições presidenciais nos Estados Unidos, nas quais as disputas comerciais, tecnológicas e geopolíticas entre os dois países se tornaram um tema central.
Na última semana, a relação bilateral entre as duas maiores potências econômicas chegou ao seu ponto mais baixo desde o restabelecimento das relações entre Washington e Pequim, em 1979.
Depois que o Congresso aprovou uma lei prevendo sanções a negócios e autoridades chinesas por causa da Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim a Hong Kong, o presidente Donald Trump declarou o fim do status especial que a cidade chinesa semiautônoma tinha no comércio com os EUA.
Um dia antes, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, declarou que os EUA passaram a considerar “ilegais” as reivindicações chinesas sobre águas territoriais no Mar do Sul da China, tomando partido na disputa entre Pequim e vizinhos como as Filipinas e o Vietnã.
O secretário de Justiça americano, William Bill Barr, alimentou a polêmica ao acusar a China de realizar uma “blitzkrieg econômica” para substituir Washington como potência e espalhar sua própria ideologia política no mundo.
Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, tanto Barr como outros membros do governo americano tentam desviar a atenção de seus próprios problemas.
“Essas pessoas, para seus próprios interesses e para seu benefício político, não hesitam em sequestrar a opinião pública (…) a ponto de perderem a cabeça e enlouquecerem’, afirmou.
“Um pardal não consegue entender a ambição de um cisne’, disse.
TikTok
A Casa Branca estuda a possibilidade de colocar o aplicativo TikTok numa lista negra que, na prática, impedirá americanos de usarem a popular plataforma de vídeo. Seria uma opção para impedir a China de obter dados pessoais por meio da mídia social.
Três pessoas que acompanham a discussão no interior do governo Trump
disseram que uma possibilidade discutida é incluir a ByteDance, empresa-mãe
chinesa do aplicativo, na “lista de entidades” do Departamento de Comércio.
Essa medida tornaria excepcionalmente difícil para companhias americanas
fornecerem tecnologia ao TikTok. As restrições incluiriam softwares, o que significaria que a Apple e outras lojas de aplicativos não poderiam mais fornecer atualizações por meio de suas plataformas.
No ano passado, os EUA incluíram a empresa de telecomunicações chinesa Huawei nessa “lista de entidades”, alegando que ela ajuda o país asiático a espionar.
O funcionário disse que a Casa Branca chegará a uma conclusão dentro de um mês. “Vamos enviar uma mensagem muito forte à China.”
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse recentemente que os EUA estudam a possibilidade de proibir o aplicativo por razões de segurança.
O presidente Donald Trump também afirmou que estava considerando uma proibição e sugeriu que ela seria uma retaliação pelo modo com que a China lidou com a pandemia de coronavírus.
Figuras da linha dura em política externa, como o senador Marco Rubio e outros parlamentares, também vêm intensificando a pressão em relação ao aplicativo.