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Os gastos dos brasileiros no exterior recuaram 15% em janeiro

Despesas de brasileiros lá fora somaram US$ 1,689 bilhão no mês passado, contra US$ 2 bilhões no mesmo mês de 2018, de acordo com dados do Banco Central. (Foto: Divulgação)

Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,689 bilhão em janeiro deste ano, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (25) pelo BC (Banco Central). Com isso, foi registrada uma queda de 15,6% frente ao mesmo período de 2018, quando as despesas lá fora somaram US$ 2,002 bilhões.

Alta do dólar

A queda dos gastos de brasileiros lá fora aconteceu em um momento de alta do dólar. Em janeiro de 2018, o dólar médio para venda (com base na Ptax, taxa calculada pelo BC) estava em R$ 3,21. No primeiro mês de 2019, por sua vez, o câmbio médio somou R$ 3,74.

Com a escalada do dólar, as viagens de brasileiros ao exterior ficam mais caras. Isso porque as passagens e as despesas com hotéis, por exemplo, são cotadas em moeda estrangeira. O papel moeda também fica mais custoso. Além da taxa de câmbio, o nível de atividade, que tem impacto no emprego e na renda do brasileiro, também é outro fator que influencia o nível de gastos no exterior.

Gastos de estrangeiros no Brasil

Em janeiro deste ano, informou o Banco Central, os estrangeiros gastaram US$ 703 milhões no Brasil, com queda frente ao patamar registrado no mesmo mês de 2018 (US$ 779 milhões).

Contas externas

A conta de transações correntes registrou um déficit de US$ 6,548 bilhões em janeiro, informou nesta segunda-feira o Banco Central. Com isso, houve pequena piora nas contas externas frente ao mesmo mês de 2018, quando foi registrado um rombo de US$ 6,293 bilhões.

A conta de transações correntes é formada pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior). Trata-se de um dos principais indicadores do setor externo brasileiro.

Em todo ano passado, as contas externas registraram um déficit de US$ 14,511 bilhões, com crescimento frente ao ano anterior (-US$ 7,235 bilhões). Para 2019, a expectativa do Banco Central é de nova piora no rombo das contas externas – com um déficit em transações correntes de US$ 35,6 bilhões.

De acordo explicações do Banco Central, o aumento do déficit das contas externas é um movimento esperado quando a economia cresce, pois aumenta a demanda dos residentes no país por produtos do exterior.

Investimento estrangeiro

O Banco Central também informou nesta segunda-feira que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 5,866 bilhões janeiro, com queda de 30% frente ao mesmo período do ano passado (US$ 8,363 bilhões). Com o recuo, os investimentos estrangeiros não foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas no mês passado (US$ 6,548 bilhões).

De acordo com Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, houve crescimento do ingresso de investimentos estrangeiros no segundo semestre do ano passado, o que indica que houve “antecipação de fluxos” – que podem ter resultado em queda em janeiro.

“Os dados de fevereiro apresentam crescimento, pois o ingresso somou US$ 5,7 bilhões até o dia 21 deste mês, contra US$ 4,7 bilhões no mesmo mês de 2018. A previsão para todo mês de fevereiro deste ano é de US$ 7 bilhões, de modo que teremos certa estabilidade no primeiro bimestre”, declarou Rocha.

Para 2019, o Banco Central estima um ingresso de US$ 90 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira. Se a previsão se confirmar, os investimentos externos seriam suficientes para “financiar” todo o déficit das contas externas do período – cuja estimativa do BC é de US$ 35,6 bilhões neste ano.

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