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Os maiores bancos privados do País aceleraram os fechamentos de agências físicas em 2024

Movimento está ligado à migração para o digital e perda da rentabilidade de clientes de baixa renda. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Os maiores bancos privados do País aceleraram os fechamentos de agências físicas em 2024, ampliando o encolhimento das redes ao longo da última década. O ritmo aumentou diante da migração das transações para os ambientes digitais, mas principalmente pela redução da rentabilidade das operações voltadas a clientes de menor renda – em razão da competição com bancos digitais e da inadimplência.

No ano passado, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil encerraram em conjunto 856 agências, após fecharem 679 em 2023. Desde 2014, a rede das três maiores instituições financeiras privadas perdeu mais de 5 mil endereços, número que considera somente agências tradicionais. Se incluídos outros postos de atendimento, a redução foi ainda maior.

Os fechamentos em 2024 foram puxados pelo Bradesco. Em reestruturação, o segundo maior banco privado do País tem dito que o segmento de baixa renda precisa de um ajuste na presença física para ser rentável de forma sustentável. “Mesmo assim, a nossa base de clientes cresceu em 2,1 milhões em 2024, e 99% das nossas transações foram feitas pelo digital”, disse o presidente do banco, Marcelo Noronha, em entrevista coletiva no começo do mês.

O Santander também tem sinalizado uma redução mais forte. “Se extrapolarmos para mais de um ano, em 2025, vamos ter reduzido entre 40% e 50% a nossa rede física em um espaço temporal relativamente curto”, disse o presidente do conglomerado, Mario Leão, em conferência com analistas. No ano passado, o Santander desatrelou as carteiras de clientes das agências.

Longo prazo

Embora o objetivo dos bancos seja reduzir custos, a redução demora a aparecer. “Os fechamentos têm dois efeitos: trazem custos adicionais, e especificamente no caso do Bradesco, o banco está abrindo escritórios para pequenas e médias empresas e para o Principal (novo segmento de alta renda)”, diz o analista de instituições financeiras do Citi, Gustavo Schroden.

Esse descasamento se reflete nas previsões das instituições para este ano. O Itaú espera um crescimento de despesas de 5,5% a 8,5%, em meio a investimentos no digital. Por outro lado, estima ter obtido um alívio de R$ 2,6 bilhões nas despesas em 2024 graças ao programa de eficiência.

O Bradesco, que também tem acelerado investimentos, projeta alta de 5% a 9% nas despesas em 2025, puxada também pela contratação de milhares de profissionais em tecnologia, que têm salários médios superiores aos dos bancários. (Estadão Conteúdo)

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