De acordo com analistas ouvidos pelo The New York Times, o depoimento ao Congresso norte-americano do ex-advogado de Donald Trump, Michael Cohen, nesta semana, não alterou drasticamente as informações já conhecidas sobre os possíveis casos contra o presidente dos Estados Unidos que, de acordo, com uma política do Departamento de Justiça, não poderia ser indiciado enquanto ocupasse o cargo. Ainda assim, especialistas afirmam que o depoimento ofereceu detalhes que poderiam auxiliar o inquérito do procurador especial Robert S. Mueller, que comanda as investigações sobre o suposto conluio da campanha do presidente com a Rússia no ano de 2016.
Cohen descreveu em detalhes como Donald Trump pessoalmente reembolsou os 130 mil dólares pagos pelo silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels, que afirma ter tido um caso com o republicano. Para Richard L. Hasen, professor de Direito Eleitoral da Universidade da Califórnia, a descrição do ex-advogado Cohen poderia ser usada para impulsionar um indiciamento por violação das regras de financiamento de campanha.
“Tratam-se de contribuições ilegais de campanha que não foram reportadas”, disse o professor Hasen, destacando que as leis de financiamento requerem provas de que o acusado estaria ciente da violação, algo que o depoimento de Cohen não consegue provar.
Ligações com o WikiLeaks
O ex-advogado do presidente norte-americano também contou ao Congresso que Roger Stone, um veterano conselheiro da campanha de Donald Trump, o teria avisado sobre uma conversa com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O WikiLeaks divulgou e-mails hackeados do Comitê Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês) em junho e julho de 2016, durante a campanha presidencial.
Segundo especialistas legais, o fato de que Trump soubesse do vazamento por parte do WikiLeaks não é suficiente para acusá-lo de conspiração. Promotores teriam que provar que o presidente norte-americano e a campanha participaram ativamente da coordenação com os russos para que os documentos fossem distribuídos ou em qualquer outra ação para influenciar o resultado final da eleição presidencial.