Manifestantes invadiram ministérios do governo em Beirute e danificaram os escritórios da Associação de Bancos Libaneses, no sábado (8), enquanto tiros eram disparados em protestos cada vez maiores após a explosão devastadora desta semana. Os protestos no Líbano seguiram ao longo deste domingo (9).
Cerca de 10.000 pessoas se reuniram na praça Martyrs, algumas arremessando pedras. A polícia lançou gás lacrimogêneo quando alguns manifestantes tentaram quebrar uma barreira que bloqueava a rua que leva ao Parlamento, disse um jornalista da Reuters.
A Cruz Vermelha disse que havia tratado ferimentos em 117 pessoas, e outras 55 foram levadas ao hospital. Um incêndio começou na praça Martyrs, no centro da cidade. Um policial morreu.
Dezenas de manifestantes invadiram o Ministério das Relações Exteriores, onde queimaram uma fotografia do presidente Michel Aoun, representante para muitos de uma classe política que governou o Líbano por décadas e que dizem ser culpada pela profunda crise política e econômica.
“Ficaremos aqui. Chamamos o povo libanês para ocupar todos os ministérios”, disse um manifestante, com um megafone. Imagens de televisão mostraram manifestantes também invadindo os ministérios da Energia e da Economia. Os manifestantes disseram que os políticos deveriam ser enforcados e punidos pela negligência que, segundo eles, levou à gigantesca explosão que matou 158 pessoas e feriu outras 6.000.
Os manifestantes entoavam “o povo quer a queda do regime”, bordão popular durante a Primavera Árabe, em 2011. “Revolução. Revolução”. E seguravam cartazes que diziam: “Saiam, vocês são todos assassinos.”
Dois ministros renunciam
Também neste domingo, dois ministros deixaram seus cargos no governo libanês. Pela manhã, Manal Abdel Samad, ministra da Informação, foi a primeira baixa do governo desde a tragédia na região portuária de Beirute. “Depois do enorme desastre em Beirute, apresento minha renúncia do governo”, declarou a ministra em um breve discurso na televisão. “Peço desculpas aos libaneses, não atendemos às suas expectativas”, acrescentou.
No início da noite, em horário local, Damianos Kattar, ministro do Meio Ambiente, também anunciou sua demissão. Agências locais informam que o primeiro-ministro Hassan Diab tentou convencê-lo a permanecer no governo até o último minuto, mas não teve sucesso. Um dia antes, Hassan Diab disse que a única saída para o país seria a antecipação das eleições.
Ajuda do Brasil
O presidente Jair Bolsonaro anunciou uma missão de ajuda do governo brasileiro ao Líbano, cuja capital, Beirute, foi atingida por uma forte explosão na semana passada, que deixou mais de 150 mortos e 3 mil feridos.
O anúncio foi feito durante uma videoconferência internacional, transmitida pelas redes sociais de Bolsonaro, e que contou com a participação de outros chefes de estado, entre eles os presidentes do Líbano, Michel Aoun, da França, Emmanuel Macron, e dos EUA, Donald Trump.
Bolsonaro disse ainda que convidou para chefiar a missão brasileira que irá a Beirute o ex-presidente Michel Temer, que é filho de libaneses. Em nota divulgada à imprensa, Temer disse estar honrado com o convite feito por Bolsonaro para chefiar a missão humanitária do Brasil no Líbano.
“Quando o ato for publicado no Diário Oficial serão tomadas as medidas necessárias para viabilizar a tarefa”, diz a nota.
