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Médicos cubanos começam a deixar o Brasil. Oito mil e trezentos viajam até o dia 12

Médicos formados no exterior, sem CRM, terão até o fim de janeiro para escolher o local de trabalho. (Foto: Karina Zambrana/MS)

Profissionais cubanos que atuavam no programa Mais Médicos começaram a deixar o Brasil nesta quinta-feira (22). A informação foi divulgada pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), responsável pela intermediação do convênio entre Brasil e Cuba. As informações são da Agência Brasil.

A estimativa da organização é que o processo de saída dos mais de 8 mil médicos contratados no âmbito do convênio dure até o dia 12 de dezembro.

Nos próximos três dias, de quinta-feira a sábado (24), cinco voos partirão com destino à capital cubana, Havana. Os profissionais já começaram a se deslocar dos municípios onde estavam alocados em direção às cidades de onde sairão só voos para Cuba.

O retorno ocorre por decisão do governo cubano, que chamou de volta os profissionais por desacordo com condições impostas pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, para que os médicos permaneçam no programa, entre elas a realização do exame de revalidação de diplomas para reconhecimento no país (Revalida) e a não retenção de parte da remuneração dos médicos, que até então ficava com a administração cubana.

O presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, por meio de uma rede social, defendeu os profissionais. Em nota, o Ministério da Saúde cubano afirmou que as exigências desrespeitam as condições acordadas no convênio com a Opas.

Dois dias após a decisão, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que as novas exigências foram definidas para proteger os médicos de más condições de trabalho, por razões que classificou como “humanitárias”.

Substituição

Nesta quarta-feira começaram as inscrições para repor as vagas abertas com a saída dos médicos cubanos. Os interessados em ocupar vagas abertas têm até o dia 25 deste mês, próximo domingo. Podem pleitear o posto profissionais com registro nos conselhos de medicina ou com diploma na atividade validado no país.

Os candidatos poderão escolher as cidades onde querem trabalhar. A medida que forem sendo preenchidas, as vagas serão retiradas do sistema. Os inscritos terão que se apresentar no local selecionado a partir do dia 3 de dezembro para homologar a contratação e iniciar a função. Caso as vagas não sejam preenchidas, será aberto novo edital, no dia 27 de novembro, para buscar outros profissionais.

Ataque cibernético

O Ministério da Saúde suspeita que um ataque cibernético tenha derrubado o site do programa Mais Médicos, que, desde a manhã desta quarta-feira (21), apresentou instabilidade. A pasta alerta que eventuais responsabilidades pela inserção de dados falsos no sistema poderão ser apurados na esfera penal.

Em nota, Ministério da Saúde diz que a página recebeu mais de 1 milhão de acessos simultâneos no momento da abertura do sistema para os profissionais interessados em se inscrever para uma vaga no programa Mais Médicos. “O volume é característico de ataques cibernéticos. Para comparação, é mais que o dobro do número de médicos em atuação no país”, diz a nota.

Para garantir a inscrição dos interessados, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS) está isolando a aplicação dos ataques, que se mantiveram ao longo da manhã, além de adotar outras ações para estabilidade e performance do site.

Mesmo diante de momentos de instabilidade, o sistema contabilizou 3.336 inscrições nas primeiras três horas da abertura do sistema.

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