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Países da América Latina trabalham em plano conjunto de evacuação da Ucrânia

Ministério das Relações Exteriores da Argentina diz que está trabalhando com as chancelarias do Chile, Brasil, Peru, Uruguai, Paraguai, México, Colômbia, Bolívia e Equador. (Foto: Reprodução)

Os países latino-americanos planejam em conjunto uma forma de ajudar seus cidadãos residentes na Ucrânia, por meio de um mecanismo de cooperação consular, enquanto aguardam a garantia das condições de segurança para uma evacuação, informou no sábado (26) a chancelaria da Argentina.

“O Ministério das Relações Exteriores (da Argentina) está trabalhando com as chancelarias do Chile, Brasil, Peru, Uruguai, Paraguai, México, Colômbia, Bolívia e Equador, articulando ações e trocando informações úteis, a fim de poder fornecer, nas circunstâncias atuais, a assistência consular que for necessária”, disse um comunicado.

A pasta acrescentou que “só haverá progresso na implementação de um plano de evacuação quando as condições de segurança no terreno puderem ser garantidas por meio de corredores seguros”.

A embaixada argentina em Kiev é uma das quatro sedes diplomáticas latino-americanas no país, segundo a nota.

A representação argentina destacou a importância de que seus cidadãos que estão na Ucrânia permaneçam em contato e com um canal aberto para o momento de realizar o plano de evacuação.

Também forneceu detalhes sobre todas as passagens de fronteira ativas para deixar a Ucrânia por terra e as atuais condições migratórias nos países de acolhimento.

 

Brasileiros

Brasileiros que estão na Ucrânia fizeram relatos sobre a situação na região após a invasão feita pela Rússia em território ucraniano na noite de quarta (23). Segundo embaixada do Brasil na Ucrânia, cerca de 500 brasileiros vivem no país; entre eles estão jogadores de futebol e profissionais de tecnologia da informação.

Em entrevista ao canal GloboNews, o estudante Rony de Moura informou que as “ruas estão cheias de gente procurando farmácias, mercados, bancos e lugares que as pessoas precisam comprar coisas pra sobreviver”.

“Você vê no semblante das pessoas um ar de preocupação, que nos últimos dias havia sumido. Mas agora é muito claro e um pouco assustador”, declarou.

“Acreditávamos que teria escalada. Mas agora mesmo parece surreal, parece pesadelo. A gente tinha combinado caso houvesse alguma coisa, que a gente voltaria ao Brasil. Eram apenas planos, mas agora a gente tem de fato que voltar”, afirmou Rony, que entrou em contato com a embaixada do Brasil na Ucrânia para iniciar o envio de documentações para registro.

“Os voos estão cancelados e a única maneira de sair é pelas fronteiras”, explicou.

Whalter Lang, que mora há 4 anos em Kiev, na capital da Ucrânia, também falou sobre o plano de retorno ao Brasil, enquanto toma algumas decisões familiares.

“Temos que ver essa questão [familiar], se vamos sair e como vai ser toda essa situação. Meu desejo seria, claro… a gente não tem aviões agora aqui, então sairia via terrestre. Pegaríamos um trem pra Polônia, que é a fronteira mais perto, e de lá pegaria avião para São Paulo, para o Brasil.”

Whalter ainda afirmou que, nos últimos dias, se preparou, de certa forma, para a invasão. “Nossos amigos aqui já tinham tomado algumas pré-medidas quanto a isso. Quem tinha carro, já tinha comprado gasolina extra, a gente já havia sacado um pouco de dinheiro em espécie, porque não se sabe se o sistema online vai funcionar. Mas já tínhamos nos preparado um pouco porque não tínhamos certeza que as tropas chegariam.”

“Dois dias atrás a gente fez uma mochila bem pequena mesmo, com documentação necessária, partes burocráticas e roupa, o menos possível, para um caso de super emergência que a gente precisasse sair.”

Segundo a baiana Iasmin Avhustovych, que mora na Ucrânia, os homens não podem sair do país, e aguardam a convocação pelo Exército, para o voluntariado no conflito armado. Casada com um ucraniano há seis meses, Iasmin tem 29 anos e mora na cidade de Terebovlya, região de Ternopil, no oeste do país.

“A guerra já começou para a gente. Meu marido achou melhor que eu fosse para a Polônia, ainda que eu não quisesse. Por enquanto, as notícias que temos é de ataque em todo o país, especialmente em áreas militares, e que as sirenes de emergência indicarão a necessidade de ir a uma base de proteção”, explicou.

“Estamos indo para a Polônia, porque eles ofereceram apoio nas fronteiras para refugiados. Meu marido ficou, pois todos os homens agora estão no aguardo da convocação.”

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