O Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília (DF), onde o ex-presidente Jair Bolsonaro pode cumprir pena, é formado por cinco unidades prisionais e já abrigou políticos condenados em outros casos de repercussão, como mensalão e Lava-Jato. Paulo Maluf, José Dirceu e Luiz Estevão estão entre os figurões detidos no local.
Eles ficaram no Centro de Detenção Provisória (CDP) da Papuda. Há uma ala que abriga presos considerados vulneráveis – políticos, idosos e policiais – no bloco 5 dessa unidade. As celas são maiores que as de unidades comuns, têm cama do tipo beliche, chuveiro e vaso sanitário, e os detentos têm direito a quatro refeições por dia e duas horas de banho de sol.
A passagem do ex-senador Luiz Estevão pelo local foi uma das mais emblemáticas. Ele chegou a ser conhecido como o “dono da cadeia”. Uma varredura em sua cela, em 2018, derrubou a cúpula do sistema prisional da época, acusada de permitir regalias. Foram encontrados “itens proibidos”, como cafeteira e alimentos importados, e verificada a entrada de documentos e visitas fora do horário de expediente e sem verificação de segurança.
O ex-senador respondeu na Justiça pela troca de favores e regalias na Papuda e foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2023 pelo crime de corrupção.
Geddel Vieira de Lima, ex-ministro de Michel de Temer, e o petista José Dirceu estiveram na “ala dos vulneráveis” do CDP na mesma época em que Luiz Estevão e também tiveram as suas celas inspecionadas.
Na semana passada, a chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez vistorias no CDP e também na “Papudinha”, como é conhecido o 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, que também fica no complexo penitenciário. O local tem sido apontado como o mais provável para receber Bolsonaro.
Fotos divulgadas pelo portal Metrópoles mostram que a “Papudinha” tem celas maiores, camas do tipo beliche, ventilador e televisão. O ex-ministro Anderson Torres, também condenado na ação da trama golpista, já ficou detido no local.
O destino de Bolsonaro, no entanto, ainda é incerto. O jornal Valor Econômico mostrou em reportagens recentes que nem a Polícia Federal (PF) nem o governo do Distrito Federal querem o ex-presidente em suas instalações.
Na última quarta-feira (12), o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou não poder garantir que a Papuda tenha condições de recebê-lo. “Não conhecemos as condições de saúde dele”, disse.
O governo do DF enviou, na semana retrasada, um ofício ao ministro Alexandre de Moraes solicitando que o ex-presidente passe por uma avaliação médica para verificar se ele tem condições de cumprir pena na Papuda. Moraes, no entanto, indicou “ausência de pertinência” e só deve analisar o pedido após o fim da ação da trama golpista. As informações são do jornal Valor Econômico.
