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Para Fernando Henrique Cardoso, o presidente que não entende a força do Congresso pode cair

"As instituições não sofreram um abalo, mesmo hoje", ressaltou o tucano. (Foto: Renato Araujo/ABr)

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso se manifestou sobre os atritos entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados, expostos por declarações recentes do presidente da Casa, Rodrigo Maia, e de membros do governo, como o próprio chefe do Executivo, Jair Bolsonaro.

Em seu Twitter, FHC afirmou que “os partidos são fracos, o Congresso é forte. Presidente que não entende isso não governa e pode cair”. Sem citar nominalmente Bolsonaro e Maia, o ex-presidente tucano disse que “maltratar quem preside a Câmara é caminho para o desastre. Precisamos de bom senso, reformas, emprego e decência. Presidente do País deve moderar,não atiçar”.

Entre outras declarações, Maia criticou a falta de empenho do governo para a aprovação da reforma da Previdência e disse que Bolsonaro deveria dedicar mais tempo ao projeto e “menos ao Twitter”. Maia chegou a afirmar que as diferenças com o Executivo são “página virada”, mas ao longo do fim de semana classificou o governo como um “deserto de ideias”, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Bolsonaro

Enquanto o presidente da Câmara dos Deputados dirigia fortes críticas a Bolsonaro na articulação da reforma da Previdência, o presidente disse no sábado (23), a empresários chilenos, que atritos acontecem no País porque muitos não querem largar a “velha política”.

Bolsonaro também alegou não saber por que Maia anda tão “agressivo” contra ele e declarou que perdoa o parlamentar fluminense, citando problemas pessoais do deputado – uma referência à prisão do ex-ministro Moreira Franco, sogro do parlamentar.

“Os atritos que acontecem no momento, mesmo estando calado fora do Brasil, acontecem na política lá dentro porque alguns, não são todos, não querem largar a velha política”, disse Bolsonaro durante café da manhã oferecido pela Sociedade de Fomento Fabril do Chile em Santiago. Ele não citou nomes, disse ter recebido o governo em uma crise “ética, moral e econômica” e classificou o Brasil como “campeão da corrupção”, mas com grande chance de sair do buraco desde que o País aprove as reformas, principalmente a da Previdência.

Bolsonaro enfatizou que não vai entrar em um “campo de batalha” que não é o seu, ao se referir à cobrança de Maia para que ele assuma a liderança pela articulação da reforma da Previdência. Além disso, o presidente voltou a jogar a responsabilidade da proposta sobre Maia e o Congresso Nacional.

Não serei levado para um campo de batalha diferente do meu. Eu respondo pelos meus atos no Executivo. Legislativo são eles, Judiciário é o Dias Toffoli. E assim toca o barco, isso se chama democracia”, disse Bolsonaro a jornalistas ao deixar o Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, ao lado do presidente do Chile, Sebastián Piñera. “Não queiram me arrastar para um campo de batalha que não é o meu”, insistiu no último fim de semana.

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