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Para o presidente Michel Temer, a investigação que apura se ele foi beneficiado na edição de um decreto para o setor portuário “entrou no terreno da ficção policial”

"Nada mais precisa ser dito sobre esse escândalo digno do Projac, a maior fábrica de ficções do País", disse o presidente. (Foto: Alan Santos/PR)

O presidente Michel Temer reagiu na quarta-feira (06) e criticou o andamento das investigações que apuram se ele foi beneficiado na edição de um decreto para o setor portuário. Em nota oficial, ele afirmou que a apuração “entrou no terreno da ficção policial” e que se trata de “um escândalo digno do Projac”, em uma referência ao complexo de estúdios de telenovelas da TV Globo.

“Nada mais precisa ser dito sobre esse escândalo digno do Projac, a maior fábrica de ficções do País”, disse. “Sem fatos novos ou provas, delegado tenta reabrir investigação já arquivada duas vezes pela Justiça por falta de provas”, criticou. A manifestação do presidente é a primeira desde que passaram a ser divulgados detalhes da investigação da PF (Polícia Federal) que apura se ele foi beneficiado.

Foram encontrados planilhas e extratos bancários que apontam cerca de R$ 20,6 milhões em contas de empresas do coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo de Temer. A Polícia Federal investiga se o militar atuou como um intermediador de propina do presidente. O coronel já foi alvo duas vezes de operações. A última foi em março deste ano, quando ele chegou a ficar preso por alguns dias.

A primeira, em maio do ano passado, decorreu de delação da JBS/Friboi, quando a polícia também encontrou documentos ligados a uma reforma na casa de Maristela, uma das filhas de Temer. A principal linha de apuração é de que o presidente lavou dinheiro de propina em transações imobiliárias e em obras em casas de familiares. Temer nega as suspeitas.

Contas de amigo

A PF encontrou planilhas e extratos bancários que apontam cerca de R$ 20,6 milhões em contas de empresas do coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo de Temer. Mais R$ 3,04 milhões estão em uma conta do próprio Lima. A PF investiga a suposta atuação de Lima como um intermediário de propina do presidente da República.

O dinheiro está, de acordo com os documentos, em contas correntes e investimentos em nome do coronel (pessoa física), da PDA Projeto e Direção Arquitetônica LTDA. e da PDA Administração e Participação LTDA.

Não há nenhuma menção nos papéis sobre a Argeplan, empresa mais conhecida de Lima, dona de diversos contratos milionários com o setor público ao longo dos últimos anos. Em recente depoimento à PF, um contador do coronel, Almir Martins, disse só se recordar do faturamento líquido da Argeplan, que seria em torno de R$ 100 mil a R$ 200 mil anuais. Afirmou ainda que o patrimônio atualizado da empresa é de R$ 5 milhões.

Uma das planilhas, que tem a data de abril de 2017, registra o valor de R$ 20,6 milhões em contas da PDA Administração e Participação no Bradesco. Em nome de Lima, aparece o valor de R$ 3,04 milhões, dos quais R$ 1,8 milhão estão também no Bradesco, R$ 500 mil no Banco do Brasil e o restante em outras contas. Há ainda uma segunda planilha, que detalha os tipos de investimentos. No caso do coronel, ele tem, de acordo com as anotações, dinheiro aplicado em letras de crédito imobiliário e em renda fixa.

Segundo registro na junta comercial de São Paulo, a PDA Administração, constituída em 2011, divide muro com a Argeplan na Vila Madalena. Seu objeto social é “gestão e administração de propriedades imobiliárias”.

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