A delação da JBS, que lançou dúvidas sobre a continuidade do governo Michel Temer, pode ter efeitos no desempenho da economia, segundo presidentes de banco com atuação no Brasil. Os executivos acreditam que não se pode descartar impactos negativos da turbulência política na retomada do crescimento.
“Acho que vai haver sim algum impacto no PIB [Produto Interno Bruto], porém menor do que a gente pudesse imaginar quando a crise eclodiu. Tem de ficar atendo aos indicadores”, disse José Berenguer, presidente do JP Morgan Brasil, durante o Fórum Brasil Investimentos 2017.
O principal ponto de atenção é o comportamento do consumo, que vinha sendo estimulado pelo retorno de linhas de crédito e pela liberação das contas inativas do FGTS, e pode voltar a recuar, afirmaram os executivos. Segundo José Olympio, presidente do Credit Suisse Brasil, varejistas relataram que as vendas de fato apresentaram queda após a notícia de que uma conversa comprometedora do presidente Michel Temer com Joesley Batista fora gravada pelo empresário.
Dentre os empresários que participaram do evento, as visões divergem. Para o presidente da Siemens no Brasil, Paulo Ricardo Stark, a crise política tem afugentado investidores do país. Já o presidente da Fiat Chrysler na América Latina, Stefan Ketter, disse acreditar que o pior da crise brasileira ficou para trás e a economia agora está no rumo do crescimento.
A rápida reação dos investidores sinalizou que a percepção do mercado é que as reformas não serão prejudicadas pela turbulência política. “Tivemos um estresse imenso”, desabafou Berenguer.
