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Paraisópolis tem policiamento intenso uma semana após mortes durante ação da PM em baile funk

Baile deste sábado (7) terá homenagem aos nove mortos na madrugada do último domingo (1°). (Foto: Divulgação)

A Polícia Militar reforça o policiamento na comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, desde a noite desta sexta-feira (6). Na madrugada do último domingo (1°), nove pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas após ação policial em dispersão de baile funk.

Grupos diferentes de policiais se dividiram pelas principais ruas do Morumbi que dão acesso ao local. Na saída para a Avenida Giovanni Gronchi, motoristas e motociclistas foram parados.

O frentista Genival Teixeira Silva, que mora na comunidade, conta que estava a caminho do trabalho quando foi abordado pelos agentes.

“Estou indo trabalhar e simplesmente ele parou por causa do meu carro. Não sei o que eles pensam, acham que um trabalhador não pode ter um carro? Eu acho que, infelizmente, é isso, porque moro em Paraisópolis”, afirma.

De acordo com Silva, os policiais solicitaram os documentos dele e do veículo. “Pode verificar o que quiser não tem nada de errado”, ressaltou.

O pedreiro Davi da Conceição também foi abordado nesta manhã ao deixar a comunidade.

“Quando eu vi a viatura, aí eu achei que estava fechado e quase eu quis parar. E aí eles suspeitaram por eu ter quase que parado pra voltar”, revela. Ele apresentou os documentos e também foi liberado.

Nesta sexta (6), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a Polícia Militar vai realizar ações no baile funk de Paraisópolis e de outras comunidades da cidade.

Doria voltou a afirmar que os procedimentos da corporação serão revistos, mas não detalhou quais serão as mudanças.

Homenagem

Uma semana após as nove mortes, o Baile da DZ7, o famoso “pancadão” da comunidade, foi mantido para este sábado (7), segundo um cartaz que circula nas redes sociais.

Com a frase “Aos 9 que se foram”, o anúncio pede para as pessoas irem de branco e informa que a imprensa estará presente.

Denúncias

Uma estudante de 16 anos que estava no baile funk DZ7, em Paraisópolis, na madrugada do último domingo (1), contou que foi atingida por balas de borracha, apanhou de cassetete, inalou gás e foi xingada por policiais militares durante dispersão da festa.

Jovem diz que foi atingida por balas de borracha e agredida por PMs em Paraisópolis.

“Ficou aquela cena, muitas cenas na cabeça. Tem dia que é difícil eu conseguir dormir, lembrando, pensando no que aconteceu”, diz a adolescente de 16 anos, única vítima que pode incriminar os policiais por lesão corporal.

Ela é uma das 12 pessoas feridas durante violenta ação policial, mas o único caso pelo qual os agentes envolvidos respondem por lesão corporal.

Para a investigação, há suspeita de que ela tenha sido ferida por bala de borracha pelos agentes da Polícia Militar (PM).

Nos demais 11 casos de ferimentos, em tese, a PM pode alegar que os ferimentos foram provocados em decorrência do tumulto, e não da ação policial.

38 PMs investigados

Ao todo, 38 agentes que participaram da operação em Paraisópolis estão sendo investigados pela Polícia Civil depois que vídeos gravados por moradores e câmeras de segurança mostraram agentes agredindo frequentadores do baile funk. Seis deles já foram afastados pela Corregedoria da Polícia Militar.

Em sua defesa, os policiais militares alegaram ter usado balas de borracha, cassetetes, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar a multidão, porque, segundo eles, ela atacou viaturas com pedaços de paus e pedras.

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