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Paralisação das montadoras: falta de compradores não deve reduzir os preços dos carros no Brasil

Em relação ao patamar de um ano antes, as únicas atividades com perdas foram a agricultura, que demitiu 456 mil trabalhadores. (Foto: Divulgação)

Mesmo com os estoques de veículos reforçados, as montadoras não devem reduzir – ao menos no curto prazo – os preços dos carros novos no Brasil, de acordo com especialistas.

Nesta semana, Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocar funcionários em férias coletivas, enquanto as vendas de automóveis registram desaceleração. As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que caiu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos.

O excedente de produção, em tese, deveria criar novas condições para a comercialização de veículos – a famosa lei da oferta e demanda –, mas analistas dizem que as montadoras não podem abrir mão das margens de lucro por conta do momento difícil que viveram durante a pandemia de Covid-19.

Com custo de produção em alta devido aos entraves logísticos e à falta de matéria-prima durante os últimos anos, as empresas precisam recuperar o “dinheiro perdido”. Ainda que as cadeias logísticas tenham melhorado em 2022, houve a guerra na Ucrânia, que trouxe novos impactos nos preços de commodities necessárias para a indústria.

É o caso de metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas. São chips indispensáveis para a montagem de automóveis e eletroeletrônicos — que também tiveram aumento de demanda durante a pandemia.

Além disso, o mercado está em momento de alta competitividade, já que as montadoras correm contra o relógio em busca de desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas, por exemplo. A eletrificação da linha demanda investimentos em pesquisa e eficiência, para que o produto final tenha preço competitivo dentro do mercado.

“As montadoras precisam gerar rentabilidade para fazer frente ao desafio de investimentos de conectividade e motorização”, disse Antônio Jorge Martins, professor de mercado automotivo da Fundação Getulio Vargas.

“A única possibilidade de redução de preços é uma redução nos custos. Tanto de peças, componentes, semicondutores, logística e até a desvalorização cambial. Basicamente, todos esses fatores teriam que caminhar nessa direção para uma mexida de preço”, explicou.

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