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Os parentes das vítimas da explosão em oleoduto no México reclamam da falta de informação

Pelo menos 73 pessoas morreram após moradores invadirem área para roubar combustível. (Foto: Reprodução)

Os familiares das vítimas da explosão após o vazamento de um oleoduto no México seguem desesperadas no local do acidente, alguns na esperança de encontrá-los com vida e outros já aprendendo a lidar com o sofrimento de precisar identificar os corpos de seus parentes.

O número de mortos passou de 70 e outras 74 pessoas seguiam hospitalizadas, segundo o último boletim divulgado pelo governador de Hidalgo, Omar Fayad. A explosão ocorreu no oleoduto da Pemex (estatal Petróleos Mexicanos), na sexta-feira (18), no estado de Hidalgo.

Depois de pressionarem as autoridades, muitos dos parentes dos desaparecidos estão se acostumando com o silêncio e a falta de informações enquanto convivem com a angústia de não saber o que ocorreu com seus entes queridos.

No local do acidente, uma das estradas da cidade de Tlahuelilpan, no estado de Hidalgo, que fica na região central do México, o tênue cheiro de gasolina marca um cenário quase de guerra. São muitos objetos carbonizados e camisas marcadas de sangue. Em meio ao palco desolador, as equipes de resgate tentam recuperar os corpos e restos mortais que ainda estão no local.

Espera

Enquanto esperam, os familiares das vítimas têm duas opções. Observar as escavações que estão sendo feitas por militares e agentes da Polícia Federal na área da explosão. Há aqueles que preferem percorrer os hospitais que receberam vítimas e tentar encontrar seus parentes vivos.

“Ficamos indo de hospital em hospital, mas as informações não estão fluindo corretamente”, contou Silvia Trejo, moradora de Tlahuelilpan, que passou as últimas 24 horas tentando encontrar seu sobrinho, um dos que foi até o oleoduto para tentar pegar um pouco de gasolina após o vazamento.

Os familiares das vítimas estão utilizando recursos próprios para se deslocar entre os hospitais, revelou Silvia, porque as autoridades não disponibilizaram nenhum tipo de transporte. No entanto, moradores de Tlahuelilpan estão ajudando e se oferecendo para levá-los, já que muitos não teriam como fazer isso sozinhos.

Mas a espera não é diferente nos hospitais. Efrén Hidalgo, que acredita ter perdido um dos filhos no incidente, foi levado por um amigo ao Ministério Público para preencher os formulários correspondentes para realizar exame de DNA.

Segundo o governo do México, grande parte dos restos mortais encontrados pelas equipes de resgate não está em condições de identificação. Por esse motivo, os exames serão feitos para que os peritos possam cruzar as informações e dar sequência ao trabalho. Também no Ministério Público, os parentes das vítimas estão contando com a solidariedade dos compatriotas, que levam comida e água para eles, tentando diminuir a angústia da espera.

A CNDH (Comissão Nacional de Direitos Humanos) está em Tlahuelilpan para coletar informações dos familiares e tentar ajudá-los encontrar seus parentes em algum hospital. A explosão ocorre pouco depois de o novo presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, ter declarado guerra ao roubo indiscriminado de combustível da Pemex. Conforme fontes oficiais, a companhia perdeu US$ 3,4 bilhões com o problema no ano passado.

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