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Partido de Bolsonaro dá apoio a ex-primeira-dama e Michelle pavimenta caminho como “presidenciável”

Michelle é vista como um dos nomes mais competitivos para substituir Bolsonaro na campanha presidencial de 2026. (Foto: Reprodução)

À época pouco afeita aos holofotes, Michelle Bolsonaro subiu ao palco do Maracanãzinho em 25 de julho de 2022, durante convenção do PL, pressionada por estrategistas do então presidente Jair Bolsonaro, que apostava nela para reduzir a rejeição entre as mulheres. Resistente a aparições públicas, ela surpreendeu ao fazer um discurso de 12 minutos em tom pastoral.

Michelle andou com desenvoltura no palco, recebeu presentes de apoiadores e fez uma fala repleta de referências bíblicas. Elogiou a beleza do marido, arrancando risos da plateia, e listou ações do governo em prol das mulheres. Ali, segundo aliados, começava sua transição de primeira-dama para figura política.

Três anos depois, Michelle é vista como um dos nomes mais competitivos para substituir Bolsonaro na campanha presidencial de 2026. Isso porque outros nomes da direita têm encontrado obstáculos dos quais a ex-primeira-dama até agora se manteve distante.

Na medida em que vê seu nome ser cotado para suceder ao marido como a candidata para enfrentar o PT de Luiz Inácio Lula da Silva, Michelle organizou um dos maiores eventos do PL Mulher, setorial que ela preside, em Brasília, ontem. A reportagem tentou falar com a ex-primeira-dama, mas os pedidos de entrevista não foram aceitos.

A programação do evento deu uma pista dos temas que Michelle prioriza – família, a postura da mulher na política, violência política, eficiência, inclusão e voluntariado. Trata-se de acenos aos conservadores, ao eleitorado feminino, aos defensores da iniciativa privada e às pautas sociais.

A ascensão de Michelle vem acompanhada de atuação bem-sucedida no PL Mulher, onde tem cartabranca de Valdemar Costa Neto, presidente do partido. Ela é apontada como responsável pelo salto de 370% na filiação feminina. Em 2024, entrou de cabeça nas eleições municipais, gravou para candidatas, subiu em palanques e manteve em seu Instagram uma seleção de candidatas que apoiava.

A atuação recente destoa daquela que ela teve durante o governo Bolsonaro. Quem convive com Michelle diz que a transformação é evidente. Aliados relataram que a ex-primeira-dama “virou a chave” e tomou gosto pelos palanques. Em 2022, percorreu o País com agenda própria. No ano passado, mergulhou nas eleições municipais, impulsionando candidaturas femininas.

Bolsonaro já mencionou a possibilidade de Michelle concorrer à Presidência, mas pessoas próximas ao casal dizem que a preferência do ex-presidente recai sobre o filho Eduardo. Por outro lado, agentes do mercado financeiro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e nomes do Centrão preferem ela a Eduardo, segundo apurou o Estadão.

Ciúme

O protagonismo de Michelle é motivo de ciumeira no PL. Prova disso foi o episódio que levou à demissão de Fabio Wajngarten da assessoria da sigla após o UOL publicar conversa entre o advogado e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, na qual os dois dizem que prefeririam Lula a Michelle na Presidência da República.

“Michelle surge como a síntese do projeto político do bolsonarismo: uma liderança com apelo popular, respaldo familiar e um discurso alinhado às pautas conservadoras que ainda mobilizam o eleitorado de direita”, disse o cientista político Elias Tavares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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