Partidos que formam a base do governo Michel Temer sinalizaram apoio à pré-candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao Palácio do Planalto. Durante a convenção do Democratas que nessa quinta-feira lançou o presidente da Câmara dos Deputados à disputa de outubro, integrantes do PP, PR e Solidariedade – aliados de Temer – fizeram discursos manifestando “esperança” no parlamentar e frisando que estarão “a seu lado” enquanto ele percorrer o País.
“Nós, do Partido Progressista, temos muita esperança em você, de você empenhar nossas bandeiras. Sei que você vai percorrer esse país e os progressistas estarão ao seu lado”, disse o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), diante do líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
O dirigente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), por sua vez disse que Maia precisa “unir esses partidos” e “representar o novo nas eleições”. Logo depois, foi a vez do líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), ressaltar que a sua legenda vê o nome de Rodrigo Maia “com muita simpatia, pois é preciso estreitar relações antes de definir a posição da sigla para outubro.
Temer
O presidente da Câmara duela hoje com Michel Temer para formar um bloco partidário capaz de dar sustentação aos seus projetos políticos. O presidente da República, que passou a acreditar em um possível segundo mandato, aposta em estratégias como a liberação de emendas parlamentares e a nomeação para novos ministros após a reforma na Esplanada, prevista para março.
O PP de Ciro Nogueira hoje detém o Ministério da Saúde e negocia com Temer a manutenção da pasta. Ministros que vão concorrer às eleições, como é o caso do titular da Saúde, Ricardo Barros, devem deixar os seus cargos até 7 de abril.
Temer vem afirmando que só vai negociar as novas indicações com as siglas que se comprometerem com o seu projeto eleitoral, seja ele o de disputar a “reeleição” (na verdade ele não foi eleito presidente, e sim vice de Dilma Rousseff, a quem sucedeu após o impeachment da petista) ou de apoio a um candidato governista, como o ministro Henrique Meirelles (Fazenda).
Presidentes de outras siglas da base de Temer, a exemplo de PSC, PRB e PHS, também compareceram à convenção do DEM, mas foram mais discretos em seus pronunciamentos e evitaram mostrar apoio assertivo à pre-candidatura do deputado.
Alguns aliados veem com certo ceticismo o lançamento de Maia à sucessão de Temer. Avaliam que ele está tentando se cacifar para, mais adiante, indicar um vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB).
Saia-justa
No mesmo dia em que foi divulgada entrevista com Maia, em que ele elege o PSDB como seu principal adversário e diz que formar uma aliança com os tucanos agora seria “negligência política”, integrantes do PSDB compareceram à convenção do DEM. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), por exemplo, discursou e disse não ter “certeza sobre o que acontecerá em outubro”, mas insistiu que os tucanos, o DEM “e as forças de centro estarão reunidas para que o Brasil não caia nas mãos de políticas irresponsáveis”.
Presidente do MDB (partido de Temer) o senador Romero Jucá (RR) também compareceu, no momento em que Maia disputa protagonismo com o Planalto. Ele falou por mais de três minutos e deixou o evento em seguida. Jucá falou na necessidade de união “para que a transição continue” e defendeu o governo atual, sem citar o nome do presidente.
“Todos nós temos que estar unidos nesta transição que continua. A eleição de 2018 vai decidir que rumo queremos para o Brasil, se vamos regredir ou continuar avançando”, discursou o senador, que disse ainda que é preciso “buscar a maior e melhor construção política para dar seguimento a um rumo que já tomamos agora”. Maia, no entanto, tem dito que não será o candidato do governo e, afirmou que, se Temer for candidato, disputará “até o fim” contra o presidente.
