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Passeios suspensos, metrôs fechados e fonte de água: brasileira que mora na Europa descreve viagem em meio a onda de calor

Os filhos da Ingrid brincaram em uma fonte de água em Londres. (Foto: Ingrid Gomes Souza/Arquivo pessoal)

“Ruas e estações de metrô vazias, London Eye parada, rio sem barcos de passeio, crianças brincando na fonte, um cinema a céu aberto”. É assim que Ingrid Gomes Souza descreve a viagem que fez para Londres com a família nos últimos dias, em meio à onda de calor que atinge a Europa.

A brasileira, que tem família em Itapetininga (SP), mora há 15 anos na Holanda e disse que nunca havia presenciado dias tão quentes no continente europeu. Atualmente, Ingrid vive com o marido e dois filhos, de cinco e 12 anos, na cidade de Haia, e decidiu aproveitar as férias das crianças para viajar para Londres, no Reino Unido.

Ela contou que, durante a viagem, teve que refazer a programação de passeios, já que vários estabelecimentos e metrôs fecharam por conta do calor.

“A viagem de Londres rolou agora porque era para ser um presente de aniversário para o meu filho mais velho, quando ele fez 10 anos. Mas foi bem em 2020, na pandemia, e a companhia de trem nos deixou postergar. Aí decidimos ir agora nas férias porque é verão, mas imaginamos que ia ser tranquilo porque a temperatura no Reino Unido é sempre amena, praticamente não tem verão”, relata a brasileira.

Apesar do planejamento, Ingrid e a família foram surpreendidos por um recorde de calor. Na terça-feira (19), os termômetros nos arredores do Aeroporto de Heathrow, em Londres, marcaram 40,2°C, a maior temperatura da história do Reino Unido.

“Não teve o passeio de barco que a gente queria fazer, e a London Eye fechou por dois dias. Na segunda-feira, a gente foi a dois museus porque era onde tinha ar-condicionado e, na terça, a gente foi passear com as crianças em uma fonte de água na rua. Tinha até uma lista das fontes que foram limpas exclusivamente para as crianças brincarem”, afirma Ingrid.

“Por onde você olhava, todo mundo tinha uma garrafa de água na mão, e todo mundo estava visivelmente cansado. Fazia tempo que eu não passava tanto calor, as crianças estavam exaustas”, continua.

Falta de estrutura

De acordo com a brasileira, os europeus têm sofrido mais com a onda de calor porque as cidades não têm estrutura para suportar altas temperaturas. Ela comentou que, ao voltar para a Holanda após a viagem, a casa dela estava extremamente quente porque o imóvel havia absorvido o calor dos últimos dias.

“Da mesma maneira que no Brasil a gente passa frio dentro de casa porque a gente não tem estrutura para o frio, aqui a gente ferve dentro de casa porque as casas são projetadas para manter a temperatura. Só que, depois de três dias de sol, a casa começa a esquentar e o calor vem para dentro. Você fica fritando”, explica.

Por causa da falta de estrutura, Ingrid relatou que várias empresas deram folga aos funcionários e que o governo passou a fazer programas de conscientização para as pessoas ficarem em casa nos dias mais quentes.

Desde o início da onda de calor na Europa, mais de mil pessoas já morreram em decorrência das altas temperaturas, segundo órgãos de saúde da Espanha e de Portugal.

Devido às altas temperaturas, incêndios também começaram a ser registrados em Londres, atingindo rodovias e áreas residenciais. Na França, incêndios queimaram parte das florestas do sul do país, e dezenas de pessoas tiveram que deixar suas casas.

Para o chefe de ciência e tecnologia do serviço de meteorologia do governo do Reino Unido, Stephen Belcher, o recorde de temperatura no Reino Unido “é um lembrete real de que o clima mudou e vai continuar a mudar”.

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