Michel Temer colocou nas mãos dos ministros Ricardo Barros (Saúde), Alexandre Baldy (Cidades) e Helder Barbalho (Integração Nacional) uma última cartada para tentar aprovar a reforma da Previdência. O presidente pediu que os três façam uma readequação nos orçamentos de suas pastas para abrir um espaço de R$ 3,6 bilhões em recursos a serem negociados com a base aliada na Câmara. Disse ter pressa e avisou que gostaria de ver as mudanças equacionadas.
A cota extra de recursos abrirá espaço para emendas que serão pagas no início do ano que vem. O Orçamento de 2018 será votado na mesma semana em que o governo tentará aprovar as novas regras de aposentadoria: a do dia 18.
Nas contas de integrantes da base aliada o governo tem hoje entre 270 e 280 votos a favor da nova Previdência. Toda a pressão está voltada para o PSD, o PSDB e o PR.
O ministro Gilberto Kassab, do PSD, disse a Temer que conseguiria entregar 25 dos 38 votos. O Planalto quer 30 e pressiona a sigla a fechar questão.
Presidente do Solidariedade e sindicalista, Paulinho da Força (SP) conta ter dito ao presidente que ele está sendo enganado. “Eles dizem que têm os votos, mas é mentira. Na minha bancada ele tem dois votos – e um ainda viajou.”
Embora a reforma da Previdência seja motivo de divergência no PSDB, Geraldo Alckmin disse a tucanos que está disposto a fechar questão ainda esta semana. A avaliação de aliados do governador é a de que o gesto marcaria sua estreia na presidência do partido.
Temer insiste em aprovar a proposta ainda neste ano na Câmara. Emendas são recursos previstos no Orçamento, cuja aplicação é indicada por deputados e senadores. O dinheiro é empregado em projetos e obras nos Estados e municípios.
Lideranças empresariais
Temer recebeu mais de 150 lideranças empresariais que apoiam a aprovação da reforma da Previdência. O encontro foi organizado pelo governo e pelos próprios empresários, que informaram ao presidente que vão buscar conversar com deputados para tentar convencê-los a votar a proposta ainda neste ano.
Entre as entidades presentes, a CNI (Confederação Nacional da Indústria), Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo), Fierj (Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro), CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil) e a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Elas já estavam publicando anúncios nos jornais apoiando as mudanças nas regras de aposentadoria no País.
“O objetivo do encontro é reiterar nosso apoio à reforma, essencial para o futuro do País e para acabar com privilégios para meia dúzia de corporações”, afirmou o presidente da CBIC, José Carlos Martins. Segundo ele, a reforma é importante para dar segurança aos investidores estrangeiros.
“Se esse desequilíbrio fiscal persistir, e vai persistir se a reforma não for aprovada, qual investidor vai investir aqui diante da dúvida sobre a capacidade do Brasil de pagar suas contas no médio prazo”, questionou o empresário.
Martins destacou que a economia brasileira começa a melhorar, mas acrescentou que, para isso se sustentar e acelerar, é preciso aprovar a reforma da Previdência. “A construção civil ainda está sofrendo, terá retração neste ano. Se a reforma for aprovada, o investimento vai voltar e o nosso setor vai se recuperar, gerando mais emprego para o País”, disse o presidente da CBIC.