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Pelo menos 34% dos alunos de 15 anos no Brasil repetiram de série ao menos uma vez na escola, diz pesquisa da OCDE

Calendário prevê aulas também aos sábados e encerramento em dezembro. (Foto: Enrico Salvador/PMPA)

No Brasil, 34% dos estudantes de 15 anos repetiram de série ao menos uma vez durante toda a sua vida escolar. Este é o 4º maior percentual entre 79 países e territórios analisados, acima da média de 11,9%, de acordo com um relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), divulgado nesta terça-feira (29).

Acima do Brasil, os territórios e nações com maiores percentuais de reprovação são Marrocos (49,3%), Colômbia (40,8%), e Líbano (34,5%). Na outra ponta da lista, os países e territórios que menos reprovam são Taipai (China) e Islândia, ambos com 0,9% de estudantes até 15 anos que já repetiram de série; seguidos por Sérvia e Belarus, cada um com 1,4%. No Reino Unido, o índice é de 2,5%; no Canadá, 5,4%; e nos EUA, 9,1%.

O estudo “Políticas Eficazes, Escolas de Sucesso” é o 5º relatório da OCDE feito a partir de dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês).

Ele aponta que os países com menores índices de repetência têm resultados melhores em leitura, a área de conhecimento aprofundada no Pisa mais recente. No Brasil, o primeiro volume de dados da avaliação apontou que o país havia ficado estagnado em leitura, e caído na avaliação em matemática e ciências.

Além disso, repetir de ano pode levar ao desinteresse pelas aulas, podendo causar abandono e evasão, uma das preocupações com a interrupção das aulas na pandemia. No ensino médio, os jovens estão deixando as aulas para trabalhar e ajudar nas contas em casa devido à crise econômica provocada pela pandemia. No ensino superior, o impacto é dos alunos que não conseguem pagar a mensalidade ou nem ingressam na faculdade por falta de perspectiva.

Os dados indicam que, em geral, alunos de baixa renda têm três vezes mais chance de repetir de série ao menos uma vez na vida, se comparado a estudantes de maior renda, mas com o mesmo desempenho no Pisa. No Brasil, 51,8% dos que repetiram de ano ao menos 1 vez estavam na parcela mais pobre da população. A maioria dos repetentes (58,6%) eram de áreas rurais ou vilas.

Perfil das escolas e possível impacto na pandemia

Os dados do relatório apontam um cenário escolar com problemas que poderão impactar na reabertura das escolas, fechadas por causa da pandemia. O Brasil é o segundo país com a menor quantidade de computadores por estudante na escola. Antes da pandemia, apenas 16,3% dos alunos do Brasil tiveram aulas para navegar em segurança na internet. Os dados apontam um possível despreparo dos alunos para as aulas on-line.

Já a volta às aulas poderá encontrar obstáculos. A conectividade das escolas não é uma realidade para todas. De acordo com o relatório 74% afirmam que a velocidade da internet não é adequada e 50,6% dos professores tinham as habilidades necessárias para integrar o uso da tecnologia à aprendizagem. O Brasil é o 52º colocado no ranking de computadores ligados à internet nas escolas.

Além disso, há diferença na distribuição desta tecnologia. No Brasil, 68% das escolas ricas e 10% das escolas pobres têm equipamentos digitais, segundo o relatório da OCDE.

Embora os dados apontem uma melhora na oferta de professores, ainda assim há uma lacuna a se preencher. Em 2015, 26% dos diretores do Brasil afirmaram ter falta de professores no quadro. Em 2018, o índice caiu para 17,6%. Aliado à falta de professores, será preciso organizar o quadro docente para afastar aqueles que são de grupo de risco.

Com a possibilidade de manter as aulas híbridas na reabertura das escolas, com parte dos alunos estudando em casa e parte indo para os colégios, será preciso incrementar a estrutura.

Em relação aos recursos da escola, como equipamentos tecnológicos, biblioteca, e livros didáticos, os dados do relatório indicam piora no Brasil. Em 2015, 29,3% dos diretores relataram a falta de algum tipo de recurso relativo à aprendizagem. Em 2018, eram 31,9%, aumento de 2,7 pontos percentuais.

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