Ícone do site Jornal O Sul

Pesquisa sugere que o uso da pílula anticoncepcional muda a atratividade natural das mulheres

Uso da pílula pode modificar a preferência das mulheres em relação a determinadas características de um parceiro sexual idealizado. (Foto: Reprodução)

Ninguém duvida da importância que a pílula anticoncepcional representou para a vida sexual da mulher, a partir dos anos 1960. Transcorridos mais de 50 anos de seu advento, ela participou da mudança do panorama sociocultural e econômico da Humanidade.

Em função de ter propiciado ao casal melhor planejamento familiar e à mulher mais tranquilidade para se dedicar a uma profissão, inserir-se socialmente e se desenvolver em diversos planos, esse método contraceptivo revolucionou o cotidiano de homens e mulheres. Sabe-se, hoje, que o impacto que a pílula provocou e vem provocando é mais amplo até do que tudo isso.

Especula-se, inclusive, a influência que seu uso teria sobre a escolha de um parceiro sexual.
Algumas pesquisas já haviam mostrado que as mulheres que utilizam a pílula não exibem sexualidade do tipo fértil, mas preferências e interesses semelhantes aos daquelas que não estão nesse período. Ou seja: ao avaliar homens como parceiros eventuais, as mulheres em período fértil do mês procuram aqueles com traços masculinos fortes ou características que enfatizem aptidão para a vida competitiva. Mulheres prestes a ovular preferem homens altos e de ombros largos, com aparência dominante, e inteligentes.

Pesquisa recente sugere que o uso da pílula, excluindo a fase fértil do ciclo menstrual, muda a atratividade natural das mulheres. Em comparação com aquelas que apresentam um ciclo fértil, as usuárias da pílula têm pouca ou nenhuma preferência por masculinidade facial ou da voz. Lembremos que elas não ovulam, em função do anticoncepcional. O estudo contou com quase 400 mulheres, divididas em dois grupos e cuja média de idade era 33 anos.

O grupo de não usuárias de pílula anticoncepcional mostrou, mais do que o de usuárias, maior preferência por parceiros sexuais com características psicológicas, físicas e comportamentais próprias do gênero masculino.

Diante desse resultado, a hipótese aventada foi a de que o uso da pílula pode modificar a preferência das mulheres em relação a determinadas características de um parceiro sexual idealizado. Esse estudo suscita algumas questões. Escolhas de parceiros, feitas quando as mulheres estão tomando pílula podem diferir daquelas que elas fariam quando não mais estivessem. Seria essa mudança efeito direto da pílula?

Em segundo lugar, se realmente as preferências pelos parceiros sexuais são alteradas pela pílula e esta desempenha papel na manutenção da atração por determinados tipos de parceiros, a satisfação com o relacionamento, a estabilidade e a duração do mesmo podem, em última análise, ser afetadas. Pesquisas futuras devem investigar se suspender o uso da pílula influencia a evolução do relacionamento, a ponto de tornar a mulher frustrada com o parceiro que ela mesma escolheu.

Fenótipos.

Mais ainda: se usuárias da pílula se acasalarem com homens com características físicas menos masculinas, seus filhos também podem expressar fenótipos menos másculos, o que poderia, potencialmente, influenciar o comportamento e as estratégias reprodutivas.

Por outro lado, se uma mulher que está em um relacionamento estável e usando a pílula para de tomá-la para engravidar, a atração dela pelo parceiro diminui, o que explicaria a falta de desejo de algumas mulheres a partir da primeira gravidez?

Estudos futuros que comparem as taxas de divórcio ou de satisfação conjugal em sociedades que difiram na prevalência do uso da pílula, mas que sejam semelhantes em aspectos sociais e de tolerância ao divórcio e ao uso de contraceptivos, poderão esclarecer o quanto a insatisfação dos casais é influenciada pela suspensão do uso da pílula. (Carmita Abdo/AG)

Sair da versão mobile