O Ministério da Saúde passou a recomendar que todo viajante internacional fique em isolamento em casa por até sete dias contados da data de desembarque, mesmo sem sintomas de covid-19.
Caso apresente febre em conjunto com outros sintomas, como tosse ou falta de ar, a orientação é que procure uma unidade de saúde. Se houver apenas um dos sintomas, como tosse ou coriza, a orientação é que as pessoas fiquem em casa ou liguem para o telefone 136 em caso de dúvidas.
A medida faz parte de um conjunto de medidas não farmacológicas planejadas pelo Ministério da Saúde e informadas aos Estados para diminuir a transmissão do novo coronavírus.
O objetivo não é impedir o avanço do vírus, mas reduzir a carga no sistema de saúde. Segundo o secretário de Vigilância, Wanderson Oliveira, países que adotaram essas ações conseguiram reduzir a curva de crescimento de casos.
“A cada três dias, podemos ter o dobro do número de casos se não adotarmos essas medidas”, disse Oliveira, citando dados internacionais.
Entre as medidas propostas aos Estados, está recomendar a organizadores de eventos de massa que adiem ou cancelem eventos se houver tempo hábil.
Se for não possível, a orientação é que o evento ocorra sem público. A mesma medida vale para eventos com mais de cem pessoas em locais fechados.
A pasta também recomenda que seja adiada a realização de cruzeiros até que a emergência seja encerrada. “Não dá para aceitarmos. Vimos a situação que ocorreu em um cruzeiro no Japão [que teve que ficar em quarentena] e não queremos que isso ocorra no Brasil”, afirmou Oliveira.
Serviços públicos e privados devem ter locais para que as pessoas possam lavar com frequência, com papel toalha, e dispenser com álcool em gel 70%, sugere o ministério. É recomendado ainda aumentar a frequência de limpeza de corrimões e maçanetas.
Para idosos e doentes crônicos, a recomendação é evitar locais com grande aglomeração. “Evitem viagens, cinemas e shows”, afirma.
O ministério também orienta a realização de velórios sem concentração de pessoas.
As medidas são sugeridas a todos os Estados, para que haja adaptação local.
A pasta também recomenda ações para locais que tiverem confirmação de transmissão sustentada do novo coronavírus, situação que ocorre quando não é possível verificar a origem da infecção.
Até o momento, a maior parte dos Estados têm casos em maioria importados, de pessoas que vieram de outros países, ou de transmissão local — quando é possível estabelecer um vínculo entre os pacientes.
A pasta recomenda que uma eventual declaração de quarentena ocorra apenas ao atingir 80% da ocupação de leitos de UTI disponíveis. Segundo o ministério, a medida deve ser adotada com cautela e após planejamento devido aos seus impactos.
“É a estratégia mais delicada, que causa maior impacto econômico e social. Queremos evitá-la, mas é necessário que isso esteja em nosso planejamento”, diz o diretor do departamento de doenças transmissíveis do ministério, Julio Croda.
Ao todo, o Ministério da Saúde confirma 121 infectados no País até o momento.
Segundo o órgão, existem no Brasil 1.496 casos suspeitos e 1.413 casos descartados. Até o momento, não foi verificado nenhum óbito.
De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, a expansão de casos confirmados ocorreu, principalmente, nas regiões Sudeste (75 para 90) e Sul (12 para 16). Em São Paulo, a alta foi de 56 para 65 pessoas que agora têm coronavírus.
O novo coronavírus superou neste sábado (14) os 150 mil infectados em todo o mundo. Estados Unidos, Reino Unido, Colômbia, Rússia e vários países europeus intensificaram as medidas para atenuar o impacto da pandemia de coronavírus, provocando o fechamento de fronteiras e o confinamento de milhões de pessoas.
