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Petrobras teve prejuízo de 6 bilhões de reais com venda de nafta à Braskem

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou que recebeu US$ 23 milhões da Odebrecht na Suíça (Foto: Ailton de Freitas/AG)

O MPF (Ministério Público Federal) afirmou que a Petrobras teve prejuízo de 6 bilhões de reais entre 2009 e 2014 com a venda de nafta para a Braskem, petroquímica do grupo Odebrecht. De acordo com denúncia apresentada na sexta-feira contra executivos dos dois grupos, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa agiu para fechar um acordo de negociação de nafta com a Braskem, em 2009, a preços abaixo do preço internacional.

Antes, a nafta (principal insumo da indústria petroquímica) era vendida pelo mesmo valor do ARA (valor de referência internacional), mais 2 dólares por cada tonelada do produto. Segundo a denúncia, após a intervenção de Costa foi estabelecida uma fórmula que permitiu à Braskem comprar nafta com desconto de até 8% em relação ao preço internacional. Em troca, disse a acusação, o ex-diretor passou a receber 5 milhões de dólares por ano. O dinheiro era dividido pelo então diretor da Petrobras com o PP e o ex-deputado José Janene (PP-PR).

Em depoimento, Costa afirmou ter tratado do “pagamento de vantagens ilícitas” com o empresário Bernardo Gradin, acionista do grupo Odebrecht, na época presidente da petroquímica. Gradin negou o fato. “O meu envolvimento nessa história não se sustenta, já que alegadamente ela teria começado anos antes de minha gestão e continuado por anos depois. Além disso, o contrato é tecnicamente equilibrado e foi discutido exaustivamente até o consenso e assinatura pelas equipes comerciais dos dois lados”, disse o empresário, que não foi denunciado pelo MPF na sexta-feira.

Por meio de comunicado, a Braskem negou que a negociação do contrato de nafta em 2009 tenha causado prejuízo à companhia petrolífera. Na ocasião, a negociação ocorreu simultaneamente com a Braskem e sua concorrente, à época, Quattor.

Na ocasião, Quattor e Braskem eram as únicas consumidoras por ocasião da negociação do contrato e, de acordo com a companhia, a Petrobras teria custos logísticos altos para exportar nafta, caso a estatal não vendesse sua produção localmente. “O intervalo de preço contratado, entre 92,5% e 105% de ARA, representava, portanto, a melhor alternativa de comercialização desse produto, tanto para a vendedora Petrobras como para as compradoras Braskem e Quattor”, disse a nota da empresa. A empresa citou o depoimento de um técnico da Petrobras, dado à Polícia Federal, que afirmou que “um valor estimado entre 91% e 93% de ARA não geraria prejuízo contábil à Petrobras”. (Folhapress)

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