O plano de desinvestimento da Petrobras deu novos passos na terça-feira (5). A estatal informou que iniciou o processo de venda da TAG, a Transportadora Associada de Gás. A empresa é dona da maior rede de gasodutos do país, com 4,5 mil quilômetros de extensão distribuídos entre as regiões Norte, Nordeste e Sudeste. O objetivo é vender 90% das ações da subsidiária, que tem uma capacidade de transporte de 74,67 milhões de metros cúbicos por dia.
O tamanho da rede da TAG é mais que o dobro da NTS, com 2 mil quilômetros. Em abril deste ano, a estatal concluiu a venda da NTS à Brookfield por US$ 5,2 bilhões. Com assessoria financeira do Santander, a TAG registrou no ano passado uma receita líquida de R$ 4,7 bilhões e uma geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, de R$ 4,1 bilhões.
“Será o maior negócio do ano para a Petrobras. A venda vai ter um valor superior aos US$ 5,2 bilhões gerados com a NTS. Será muito maior também que a abertura de capital da BR. É um ativo muito valioso. Já há de 15 a 20 empresas interessadas em se tornarem sócias da rede da TAG. Essas empresas são do Brasil e do exterior”, disse uma fonte que não quis se identificar. A empresa não quis comentar valores do ativo.
Foi enviado na terça-feira prospecto com informações básicas (o chamado teaser) para os potenciais compradores. A rede, operada pela Transpetro, outra subsidiária da companhia, representa 47% de toda a infraestrutura do país. No prospecto, a Petrobras definiu que o potencial comprador deve ter ativos de US$ 5 bilhões e um valor de mercado de pelo menos US$ 2,5 bilhões.
Além disso, a Petrobras avançou com o processo de abertura de capital da BR Distribuidora, que deve ocorrer até dezembro deste ano. Em Assembleia Geral de Acionistas da subsidiária, foi aprovada a reforma de seu estatuto social. A ideia é ofertar a investidores entre 25% e 49% do total da empresa.
Como o objetivo da companhia é chegar ao Novo Mercado, segmento da B3 (antiga Bovespa) onde há um maior nível de transparência, ficou estabelecido que a empresa vai ter apenas ações ordinárias (ON, com direito a voto) e que os minoritários terão direito de proteção em caso de troca de controle, o chamado tag along.
O Conselho de Administração da subsidiária, que hoje é indicado apenas pela Petrobras, terá ao menos três representantes dos acionistas minoritários. “As operações deverão ser aprovadas pelo voto de 2/3 dos membros do Conselho, disse a Petrobras”. A meta de desinvestimentos da Petrobras é de US$ 21 bilhões até o ano que vem.
A passagem do furacão Harvey pelo Texas, nos Estados Unidos, provocou uma onda de aumentos dos combustíveis no Brasil. Na terça-feira, a Petrobras anunciou o reajuste médio de 12,2% no preço do gás de botijão, o GLP residencial. A alta começa a valer nesta quarta. O anúncio ocorreu na sequência de aumentos consecutivos da gasolina e do diesel feitas pela estatal, que acumulam avanço superior a 10% somente em setembro.
Na terça-feira, a estatal anunciou ainda que reajustou em 2,5% o GLP destinado à indústria e ao comércio. Segundo fontes, novas altas podem ocorrer a curto prazo, já que outros furacões — como o Irma, no Caribe — podem trazer ainda mais destruição. O gás de botijão para uso residencial é comercializado em unidades de até 13 quilos. Já o GLP industrial e comercial é vendido em botijões acima de 13 quilos.
Em nota, a Petrobras disse que o aumento é reflexo dos “estoques muito baixos e eventos extraordinários, como os impactos do furacão Harvey na maior região exportadora mundial de gás liquefeito de petróleo (GLP)”. A área de Houston atende a mercados como Europa e Extremo Oriente. Segundo a Petrobras, os terminais da região foram afetados e permanecem fora de operação. Isso, diz a empresa, “tem tido influência significativa no comportamento dos preços do GLP no mercado internacional”.
Em nota, a estatal disse que novos aumentos poderão ser aplicados ao botijão ainda em setembro. “A correção aplicada neste momento não repassa integralmente a variação de preços do mercado internacional. Uma nova avaliação do comportamento deste mercado será feita pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp) em 21 de setembro”, destacou a empresa.
Se for integralmente repassado ao consumidor, a Petrobras estima que o preço do botijão pode ser reajustado em 4,2%, ou cerca de R$ 2,44 por unidade, “se forem mantidas as margens de distribuição e de revenda e as alíquotas de tributos”, atesta a companhia. O Sindigás, que representa as empresas do setor, disse que o reajuste para a indústria oscilará entre 11,3% e 13,2%, de acordo com a região do polo de suprimento. (AG)