No início da madrugada dessa quarta-feira, a PF (Polícia Federal) concluiu a contagem dos valores apreendidos em um apartamento de Salvador (BA) ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ao todo, foram apreendidos 51 milhões de reais, a maior parte em cédulas da moeda nacional e cerca de 15% desse valor em dólares. A quantia estava acondicionada em malas e caixas e será depositada em uma conta judicial. Segundo a PF, essa foi a maior apreensão de dinheiro-vivo da história da corporação.
O imóvel está localizado em um bairro nobre da cidade. Geddel, que comandou a Secretaria de Governo do presidente Michel Temer e era um de seus principais articuladores políticos, cumpre prisão domiciliar na cidade. O “bunker”, pertencente a Silvio Silveira, teria sido cedido ao ex-integrante do primeiro escalão do Palácio do Planalto para que ele guardasse os pertences de seu pai, já falecido.
A ação fez parte da Operação Tesouro Perdido, que cumpriu mandado de busca e apreensão emitido pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. No dia 14 de julho, a PF havia recebido por meio de um telefonema a informação de que o ex-ministro estaria escondendo “provas ilícitas” em caixas de documentos.
O apartamento fica em um edifício na rua Barão de Loreto, no bairro da Graça. Durante a ação, os agentes federais procuraram moradores do prédio, que confirmaram a notícia de que alguém estaria usando o apartamento para guardar “pertences do pai”. De acordo com a Polícia Federal, os valores apreendidos serão transportados até um banco, onde as cédulas – a maioria de 50 e de 100 reais – deverá ser recontado e depositado em um conta judicial.
Propina
A localização do apartamento foi possível após investigações nas últimas fases da Operação Cui Bono. Nesse caso, Geddel é suspeito de ter recebido cerca de 20 milhões de reais em propina de empresas interessadas na liberação de financiamentos na Caixa Econômica Federal, banco no qual o ex-ministro foi vice-presidente de Pessoa Jurídica no período entre 2011 e 2013, durante o primeiro mandato do governo da então presidenta Dilma Rousseff.
Outra operação, a Sépsis, também lançou suspeitas sobre Geddel, relativas ao pagamento de propinas para conseguir créditos no Fundo de Investimentos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que é administrado pela Caixa.
“Assim, há fundadas razões de que no supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação de créditos e recursos realizadas na Caixa Econômica Federal, considerando que Geddel Quadros Vieira Lima é um dos envolvidos no referido esquema ilícito e estava fazendo uso velado do aludido apartamento, que não lhe pertence, mas a terceiros, para guardar objetos/documentos”, registrou o juiz Vallisney em sua decisão.
