A Polícia de Segurança Pública de Portugal abriu um inquérito para investigar o português que ofereceu 500 euros (cerca de R$ 3,1 mil) por cada “cabeça de brasileiro”, em vídeo publicado nas redes sociais. O caso revelado pelo blog Portugal Giro, do jornal O Globo, gerou revolta na comunidade brasileira no país, atualmente a maior entre os estrangeiros, com cerca de 550 mil pessoas.
Identificado como João Figueira, o morador de Aveiro ainda se referiu aos brasileiros como “raça maldita” e incitou a violência tanto contra imigrantes em situação irregular quanto regular no país.
“Cada português que trouxer a cabeça de um brasileiro, desses ‘zukas’ que vivem aqui em Portugal, estejam legais ou ilegais, cada cabeça que trouxer eu pago 500 euros (aproximadamente R$ 3,1 mil)”, disse o homem no vídeo.
Segundo a Polícia de Segurança Pública de Portugal, o caso foi encaminhado ao Núcleo de Cibercriminalidade do Departamento de Investigação Criminal, que já identificou o autor do vídeo e enviou as informações às autoridades judiciais. A polícia ressaltou que os fatos configuram crime público.
A presidente da Casa do Brasil de Lisboa, Ana Paula Costa, afirmou em publicação no Instagram que o vídeo representa “a expressão mais perversa, violenta e criminosa do discurso anti-imigração, do racismo e da xenofobia”.
As reações de repúdio se multiplicaram nas redes sociais e fora delas. A padaria onde João trabalhava divulgou nota afirmando que o funcionário foi demitido após a divulgação do vídeo:
“Queremos deixar claro que a pessoa envolvida nos vídeos já não faz parte da nossa equipe. Não aceitamos nem compactuamos com qualquer forma de racismo”, informou a empresa.
Fundadora da Associação de Apoio a Emigrantes, Imigrantes e Famílias (AAEIF), Sônia Gomes informou que vai formalizar queixa. Brasileiros cobram investigação do Ministério Público.
“Mexer com brasileiro? Ele está ficando doido? Aqui, não. Zero tolerância”, disse ela.
Juliet Cristino, do Comitê dos Imigrantes de Portugal (CIP), defendeu que haja uma investigação sobre o caso. “Quem não se revolta? A polícia precisa fazer algo, porque é crime e discriminação. Aumenta a violência e depois vão culpar os imigrantes”, afirmou Juliet. As informações são do jornal O Globo.
