O delegado Daniel Rosa, titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro), disse nesta quinta-feira (3), em entrevista coletiva, que mergulhadores do Corpo de Bombeiros poderão voltar às Ilhas Tijucas, em frente à Barra da Tijuca, em busca de armas descartadas no local por comparsas de Ronnie Lessa, dois dias depois da prisão do sargento reformado da PM acusado de matar a deputada Marielle Franco e Anderson Gomes, seu motorista. Até o momento, com base em informações do pescador que levou Márcio Montavano, o Marcio Gordo, para lançar as armas ao mar, já foram feitos 28 mergulhos nas Ilhas Tijucas, mas nada foi achado. As informações são do jornal O Globo.
Segundo o Ministério Público, Elaine, Bruno, Márcio e Josinaldo foram presos por obstrução de justiça. Já o novo mandado do prisão de Ronnie Lessa foi por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
De acordo com o delegado, não é descartada a participação de outras pessoas no crime. Ele destacou ainda que todos os presos são amigos há mais de 10 anos:
“O círculo de amizade entre eles é muito grande. (Com a prisão deles) podem ajudar a desvendar outros crimes cometidos pelo Ronnie”, disse Rosa.
O envolvimento do vereador Marcelo Siciliano no crime também foi descartado pelo delegado:
“Não há indícios da participação do vereador (no crime).”
Perguntada sobre a possibilidade do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão ser mandante do assassinato, a promotora Simone Sibilio, do MP (Ministério Público), disse que o processo corre em segredo de Justiça e que diversas pessoas estão sob investigação.
Advogado critica prisão na véspera de depoimento de Ronnie
Advogado de Bruno Figueiredo, Elaine Lessa e Ronnie Lessa, Fernando Santana criticou o fato da operação acontecer um dia antes do depoimento de Ronnie à Justiça. O julgamento do Ronnie acontece nesta sexta-feira, às 14h30, no plenário do 4º tribunal do júri. Ronnie vai participar por meio de videoconferência.
Para Santana, “causa estranheza que a prisão ocorra horas antes do depoimento”. Santana afirmou ainda que, se a ação foi uma tentativa de forçar Ronnie a dizer algo ou até mesmo fazer uma delação premiada, seu objetivo foi frustrado:
“O meu cliente não fará delação. Ele nega que tenha praticado algum crime. Não existe essa possibilidade de ele fazer delação. Ele vai falar o que for perguntado a ele. Vai falar tudo. Vamos manter a nossa tese: aquelas são armas de airsoft. Já solicitamos em juízo a perícia para provar e já foi deferido. Só estamos aguardamos esse resultado”, afirmou o advogado.
Perguntado sobre o motivo da ida de Márcio Gordo à casa de Ronnie Lessa um dia depois da prisão, Santana disse que foi o suspeito esteve no local a pedido de Elaine:
“Ela admite que pediu ao Márcio para tirar uma única caixa, de objetos pessoais, uma única caixa, que foi levada para a sua atual casa. Tiraram os objetos para entregar o apartamento que seria alugado aos pais do Ronnie. Como eles desistiram, a família, para evitar mais gastos, decidiu entregar o imóvel”, disse o advogado.
Guerra jurídica
Assim como Santana, o advogado Guilherme Pauperio (que representa Márcio Gordo), também disse que seu cliente não falará nada. Ele atacou ainda a “postura da Polícia Civil” e reiterou que a ida de seu cliente foi ao imóvel do Pechincha não teve relação com nenhum crime:
“Desconhecemos que houvesse armas dentro da caixa. O que as imagens mostram é uma caixa com tralhas. Não caberiam ali fuzis, na minha ótica. O meu cliente reconhece que foi ao local para ajudar. Dali, ele entregou para a Elaine”, disse Pauperio.
O advogado disse que vai pedir a revogação da prisão de seu cliente e criticou a denúncia que a embasa:
“A acusação é sodada e sem fundamento jurídico. Eles têm que provar que ali dentro tinha armas e ele sabia. Caso ele não soubesse, ele não pode responder a um crime. Essa será uma guerra jurídica”, afirmou.
Polícia e MP se opõe à federalização
A participação conjunta de Polícia Civil e MP em uma coletiva de imprensa não é comum e chamou a atenção da imprensa. Rosa espera que, com as prisões e buscas feitas nesta quinta-feira pela operação “Submersus”, possa arrecadar mais informações sobre o destino das armas. Entre elas, aquela que supostamente teria sido usada na emboscada que matou Marielle. Além disso, ele afirmou que será um retrocesso se a investigação do caso Marielle for federalizada.