O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o lobista Milton Lyra entraram em contradição nos depoimentos que prestaram à PF (Polícia Federal) em dois inquéritos derivados da Operação Lava-Jato.
Os investigadores tentam estabelecer o tipo de relacionamento entre Renan e Lyra porque o segundo foi descrito por delatores da empreiteira Odebrecht como interlocutor do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no recebimento de supostas propinas para senadores do PMDB.
Segundo o executivo e delator da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Renan e Jucá receberam R$ 4 milhões em troca da aprovação de medidas provisórias no Congresso – o que ambos negam. Além disso, o doleiro e delator Alberto Youssef declarou ter ouvido dizer que Lyra seria “operador” de Renan Calheiros. Endereços ligados a Lyra foram alvos de busca e apreensão da Operação Sépsis.
À PF, Calheiros disse que conheceu Lyra durante as eleições de 2006 e que teria se encontrado com ele apenas em eventos sociais. Também afirmou que Lyra “nunca representou os interesses” dele, “formal ou informalmente”. Sobre Melo Filho, Calheiros disse que o recebeu, junto com outros representantes da Odebrecht, entre 2013 e 2015, para discutir temas em tramitação no Congresso de interesse da empresa.
Em outro inquérito, Lyra foi indagado sobre o seu relacionamento com o senador de Alagoas e deu outra explicação. O empresário afirmou que conhece Renan “há muitos anos” e “possui uma relação de amizade com ele”. Disse que “frequentou algumas vezes a casa do senador e vice-versa”.
O advogado do senador, Luís Henrique Machado, declarou que ele reitera o teor do depoimento, “uma vez que não existe qualquer relação de amizade entre o senador e o senhor Milton Lyra”. A assessoria de Lyra disse que ele “nunca teve qualquer relação profissional” com Calheiros “ou com qualquer outro parlamentar”.
Lava-Jato
Renan Calheiros não tem dúvida de que a Operação Lava-Jato, na sua avaliação, tem cunho político partidário, ao avaliar a declaração de procuradores da República, como Deltan Dallagnol, de que em 2018, ano de eleição presidencial, se dará a “batalha final”.
“A declaração de que “a batalha final será em 2018″ confirma que muitas investigações são políticas, sem provas, com delações encomendadas e objetivos pré-determinados. Daí os arquivamentos”, disse o senador em seu perfil no Twitter na segunda-feira (27).
Os procuradores disseram em carta na segunda-feira que o futuro da operação depende da composição do próximo Congresso Nacional e exortaram a população a fazer boas escolhas, de preferência, candidatos ficha limpa, sem histórico de corrupção e que pretendem se eleger para apoiar a Lava-Jato.
“É preciso que a sociedade continue atenta aos movimentos dos atuais parlamentares, manifestando-se contra qualquer tentativa de dificultar ou impedir as investigações criminais de pessoas poderosas”, afirmaram em carta os procuradores da Lava-Jato de Curitiba, Rio e São Paulo.
